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Direita perdeu protagonismo em discussões sobre aborto e Klara Castanho nas redes

Por Folha de São Paulo

29/06/2022 20h05 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar da entrada incisiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da menina que teve o direito ao aborto legal negado em Santa Catarina, perfis à direita nas redes sociais não embarcaram nas discussões sobre o tema e tiveram uma participação pouco expressiva na semana passada.

Um levantamento realizado pela .MAP, agência de análise de dados e mídias, mostra que as manifestações do segmento responderam por apenas 14% das publicações feitas sobre o caso até domingo (26). Esse mesmo índice chegou a 40% entre esquerdistas.

Segundo a .MAP, 89% das manifestações apoiaram a realização do aborto pela menina de 11 anos e foram críticas à conduta da juíza catarinense Joana Ribeiro Zimmer, que negou o acesso ao procedimento legal. A análise foi feita a partir de uma amostra em um universo de 1,4 milhão de publicações no Facebook e Twitter.

O dado contrasta com o desempenho de conservadores em outras discussões nas redes, recorrentemente superior ao da esquerda, e se dá em meio a um tema caro para Bolsonaro e para a pauta de costumes.

Na quinta-feira (23), o presidente da República disse que pediria uma investigação contra os envolvidos aos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos.

"Para vocês e todos os que promoveram essa barbárie, somente uma dessas vidas importam e a outra pode ser descartada numa lata de lixo, mesmo que exista chance de se evitar isso", disse o chefe do Executivo.

Já a opinião pública não militante protagonizou as manifestações virtuais sobre o caso da atriz Klara Castanho, respondendo por mais de 75% das publicações. O assunto alimentou o debate ao longo do fim de semana e somou 95% das menções em apoio à artista.

Após ser exposta, Castanho revelou que foi vítima de um estupro, ficou grávida e entregou a criança para a adoção após o nascimento. Ela relatou que, ainda sob o efeito da anestesia do parto, uma enfermeira a ameaçou com o vazamento da sua situação.

A direita respondeu por 1,69% das publicações sobre a atriz —99% delas críticas à violência sofrida e à exposição de sua história. Apenas 1% dos conservadores criticaram a entrega do bebê para a adoção, sugerindo que Castanho deveria criar o filho gerado a partir de um estupro.

A esquerda, por sua vez, foi responsável por 1,91% das postagens sobre o caso.

"A mobilização dos internautas reflete o engajamento das pessoas que se manifestam nas redes em defesa de causas identitárias como demonstrado nas manifestações a favor dos direitos da mulher, do direto ao aborto e do feminismo, assim como o combate ao preconceito em geral", afirma a diretora executiva da .MAP, Giovanna Masullo.


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