Covas terá tropa de choque e multidão de aliados para acomodar na Prefeitura de SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB) terá o vereador Milton Leite (DEM) como homem forte de sua tropa de choque na Câmara e uma multidão de aliados para acomodar em sua nova gestão. Milton Leite será candidato a presidente da Câmara e é favorito para vencer após dois mandatos de Eduardo Tuma (PSDB), outro aliado de Covas. No comando do Legislativo, Leite será o responsável por manter a governabilidade do tucano, que tem a maioria dos vereadores a seu lado. Na próxima gestão, porém, a Câmara será menos amigável a Covas: a presença do PSDB caiu, a esquerda cresceu e também proliferou uma direita que faz oposição ao grupo político de João Doria (PSDB). Somando PSOL e PT, a esquerda terá 14 dos 55 votos na Casa. Há também três vereadores do Patriota, ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre) e uma vereadora bolsonarista. São os que devem atuar contra as pautas de Covas. Milton Leite é conhecido pelo estilo trator para aprovar projetos de aliados, o que lhe rendeu a confiança de Doria. Na gestão estadual, ele também tem indicações na pasta de Transporte e Logística. Na cidade, Leite deve seguir exercendo influência sobre a Secretaria de Transportes e indicando aliados para subprefeituras na zona sul, região onde tem poder político e que recebeu uma enxurrada de obras no ano eleitoral. Com Leite como cabo eleitoral na zona sul, Covas conseguiu dominar o eleitorado da periferia, região que já teve o PT como partido de preferência no passado. Ainda é uma incógnita qual será o papel do vice de Covas, o vereador Ricardo Nunes (MDB) --ele saiu da eleição desgastado por sua relação com entidades gestoras de creches e um registro de 2011 por violência doméstica. Com o MDB na vice-prefeitura e o DEM no comando da Câmara, a tropa de choque de Covas no Legislativo terá oito vereadores do PSDB, seis do DEM e três do MDB. Já os nomes fortes de seu novo secretariado seguem indefinidos. Hoje, a gestão não tem secretários politicamente conhecidos nas pastas. Quando assumiu o posto de Doria, Covas trocou o perfil de pessoas ligadas à iniciativa privada por quadros ligados ao PSDB. Um dos principais auxiliares de Covas é o secretário de Governo Rubens Rizek, que assumiu no lugar de Mauro Ricardo. Rizek é bastante influente e tem, inclusive, um ex-chefe de gabinete. Segundo tucanos ouvidos pela reportagem, Covas não deu espaço, na campanha, para que surgissem pleitos de partidos aliados em relação a cargos. O tema da composição das secretarias foi evitado por duas razões: para não dar a impressão ao eleitor de que Covas fazia campanha com a certeza de que ganharia e, em segundo lugar, porque dar cargos a um partido ou aliado poderia melindrar os outros num segundo turno em que o tucano viu sua vantagem nas pesquisas diminuir. O amplo arco de alianças de Covas, crucial para a vantagem em tempo de TV e verbas do fundo eleitoral, agora vira desafio: compor uma gestão que contemple a todos. O prefeito também prometeu na campanha montar um secretariado mais diverso, com negros e mulheres. Covas hoje divide as 32 subprefeituras da cidade entre 8 partidos, conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo. Mas sua coligação tem 11 siglas: PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e Pros. O objetivo é manter o apoio deles na Câmara e usar essa frente como base para a candidatura presidencial de Doria em 2022 --foi o governador que costurou boa parte dessas alianças. Além disso, Covas teve no segundo turno o apoio de mais cinco partidos: Republicanos, PSD, PSL, Novo e Solidariedade. A distribuição de cargos pode ter que contemplar grupos que trabalharam pela reeleição, como os evangélicos. A ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) e o ex-secretário Alê Youssef (Cidadania) lideraram uma frente de apoio chamada "Movimento Covas Prefeito" (MCP). O MCP terá influência e poder de barganha por cargos e políticas de incentivo ao setor da cultura. Tucanos não descartam que Marta e Youssef integrem a administração.
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