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Com praia lotada em feriados, Florianópolis vê aumento de casos de Covid-19

Por Folha de São Paulo

30/10/2020 19h04 — em
Variedades



PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Dias de folga em feriados nacionais e tempo ensolarado atraíram milhares de pessoas à beira da praia de Florianópolis, muitas sem máscara e aglomeradas. A capital catarinense, que chegou a ficar um mês sem registrar nenhuma morte por Covid-19, agora vê o número de casos confirmados aumentando.

"Praia lotada é um dos piores cenários possíveis. Tem comportamento que favorece a disseminação do vírus. É o caso da aglomeração. Se um indivíduo está contaminado, a probabilidade de que passe para outro é muito grande e proporcional ao número de pessoas expostas", explica Fabrício Augusto Menegon, chefe do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Os casos confirmados em Florianópolis saltaram de 2.517, em 20 de julho, período considerado o ápice da pandemia na cidade, para 16.409 em 19 de outubro, um crescimento de 552%, segundo dados do boletim da Secretaria Estadual da Saúde.

Números da prefeitura mostram que as notificações diárias cresceram 60% no mesmo período, de 650 para 1.044.

"Do ponto de vista prático e teórico da pandemia não mudou nada do que sabíamos em julho [considerado o ápice]. Não tem um fator novo que mostra que não precise tomar cuidado com aglomerações. É o contrário: é com as aglomerações que explodem os casos", alerta o professor.

Também entre 20 de julho e 19 de outubro as mortes cresceram 271%, saindo de 38 para 141 óbitos. Na última sexta-feira (30), véspera do feriadão de Finados, a cidade tinha 84% de lotação das UTIs, 18.599 casos e 155 mortes.

"Observamos há quatro semanas que os casos vem aumentando. Existe uma relação com o feriado de 7 de Setembro, quando ocorreram aglomerações nas praias. Ou seja, sequer chegamos no pior cenário que deve se agravar com o reflexo dos feriadões de 12 de Outubro e 2 de Novembro", diz Menegon.

Segundo ele, o efeito das praias lotadas deve piorar os números. "Entre perceber os sintomas, procurar serviço de saúde, encaminhar o teste, sair o resultado e entrar para a estatística pode levar até cinco semanas", explica.

Segundo Menegon, além do descuido dos banhistas na faixa de areia, a pandemia não está sendo enfrentada de maneira adequada. "Florianópolis se destacou por suas medidas, com testagem de suspeitos e seus contatos, fez linha direta com o cidadão para explicar que a pandemia estava em expansão e que as pessoas deveriam ficar em casa. Deu certo, mas agora isso não está sendo feito", diz.

Florianópolis aplicou 42.110 testes --a população da cidade é de 477.798 habitantes. Procurada para comentar o aumento de casos, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que "orienta a população a cumprir as atuais medidas restritivas, evitar locais fechados com pouca circulação de ar, utilizar sempre máscaras e manter o isolamento sempre que possível".

A pasta afirmou ainda que "trabalha para aumentar a testagem, isolamento, e fiscalização das medidas" e que ampliou equipes.

Estudo do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat), da UFSC, mostra que a microrregião de Florianópolis tem a maior taxa de contágio do estado. Segundo a pesquisa, houve uma expansão de 7% na primeira semana de outubro, 8,5% na segunda semana e 12% na terceira.

De acordo com o boletim do Necat, a taxa "indica uma reaceleração forte do contágio que, sem dúvida alguma, é o principal foco atual de contaminação no estado".

A reabertura da economia também está relacionada ao avanço dos casos. Santa Catarina tinha 247 casos de Covid-19 em 1º de abril. Quando o comércio de rua foi reaberto, em 13 de abril, o número saltou para 826. Depois, em 22 de abril, quando reabriram os shoppings, os casos totalizavam 1.115 casos. Na última quinta-feira (29), já eram 254.448 casos.

"Se o poder público não assumir de maneira decisiva e com seriedade, isso não vai passar tão cedo. Não teremos cenários favoráveis tão precocemente", diz Menegon.

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