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Colégio particular de MG lidera ranking do Enem 2019, mostra levantamento

Por Folha de São Paulo

02/07/2020 1h46 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os alunos do Colégio Bernoulli, de Minas Gerais, conseguiram a maior nota média no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2019. A escola particular recuperou o primeiro lugar, após ter perdido a liderança no ano passado para o Instituto Dom Barreto, do Piauí.

Das 100 escolas com melhor desempenho no exame, apenas 9 são da rede pública, sendo 7 da rede federal e duas das redes estaduais. O Sudeste tem 70 unidades entre as mais bem colocadas, seguido pelo Nordeste, com 17, o Sul, 7, Centro-Oeste, 5, e a região Norte, com 1.

Os dados aparecem em levantamento do jornal Folha de S.Paulo, que tabulou os resultados do Enem 2019, divulgados pelo MEC (Ministério da Educação). O governo deixou de apresentar os resultados com a média da nota das escolas em 2016, com a justificativa de que a informação era usada pelo mercado de colégios particulares para propaganda.

A tabulação feita pela Folha de S.Paulo excluiu escolas com menos de dez participantes no exame e/ou aquelas em que menos de 50% do total de estudantes fez a prova. A metodologia segue o mesmo critério que o MEC usava em anos anteriores.

A Folha de S.Paulo também considerou, para levantamento das 100 escolas com melhor desempenho apenas as que tinham pelo menos 61 estudantes no 3º ano do ensino médio. Esse grupo se aproxima mais do universo dos colégios brasileiros.

Nesse perfil estão 3.955 escolas, das quais 80,5% são públicas e tiveram nota média de 533,7. A média foi calculada a partir das quatro áreas da prova objetiva (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), sem contar a redação. A rede privada corresponde a 19,5% dos colégios, com média de 592 pontos.

O primeiro colocado nesse perfil é o Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, com 280 alunos participantes do exame e média de 702. Em seguida está o colégio Santo Antônio, também de Belo Horizonte, com média de 695,1. Em terceiro, o Instituto Dom Barreto, de Teresina, Piauí, com nota 692,2.

As três escolas concentram estudantes com nível socioeconômico muito alto (o mais alto entre os sete patamares de classificação feita pel Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Inep, em 2015.

“Mantemos a posição de liderança por uma série de fatores, que vai desde o perfil dos alunos, a motivação para estudar, investimento na equipe de professores e a estratégia pedagógica”, diz Rommel Domingos, diretor de ensino do grupo Bernoulli.

Entre as cem primeiras colocadas, todas as escolas, sejam da rede pública ou privada, concentram estudantes com nível socioeconômico considerado alto ou muito alto. Na lista com as 500 com melhor desempenho, há apenas uma unidade em que os estudantes têm renda considerada média baixa, a escola Sesi Orlando Chiarini, em Pouso Alegre, Minas Gerais.

A escola pertence à rede privada mas é mantida pela Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), o que garante gratuidade para todos os estudantes. A média da unidade no exame foi de 637,8.

“Nossos alunos têm um perfil de renda similar ao da rede pública e pais com poucos anos de escolaridade, mas apresentam rendimento de excelência. O que faz a diferença é conseguir motivar esses alunos, dar boa formação aos professores, pagar bons salários acima da média”, disse Flavio Roscoe, presidente da Fiemg.

A Folha de S.Paulo também tabulou os dados considerando as escolas de todos os portes, incluindo, dessa forma, unidades com poucos alunos. Esse levantamento resultou em 7.779 escolas.

Nessa lista, a maior nota é registrada pelo Colégio de Aplicação Farias Brito, de Fortaleza. Os 35 participantes do exame tiveram, em média, nota 716,37. Em segundo lugar, aparece a sede Mario Mamede do colégio Ari de Sá Cavalcante, também em Fortaleza, com apenas 33 estudantes e média de 715,3.

NOTAS MÉDIAS CAEM EM TODAS AS REDES

Na última edição do Enem, todas as redes de ensino tiveram queda na nota média em relação a 2018. A rede particular teve uma redução de 604,4 para 592. As escolas estaduais caíram de nota média 519 para 497,5. As municipais, de 560,3 para 541,9. E as federais foram de 585,7 para 561,4. A redução nas notas também atingiu escolas de todos os portes.

Para especialistas, embora sejam normais as oscilações de nota entre as edições, chama atenção a queda abranger todas as redes, especialmente porque o Enem adota um conjunto de modelos matemáticos chamado TRI (Teoria da Resposta ao Item), que permite a comparabilidade das notas obtidas em edições diferentes do exame.

O Enem 2019, sob a gestão doe então ministro Abraham Weintraub, apresentou uma série de falhas e polêmicas. Pela primeira vez, o Inep, responsável pela prova, barrou perguntas do banco de itens do exame sob a justificativa de terem conteúdos com “abordagens controversas” e “teor ofensivo”.

Segundo o instituto, foram barradas 66 perguntas. O tamanho do banco de itens não é informado publicamente, mas o Inep já informou que a quantidade de questões disponíveis para a elaboração das provas é pequeno. Não foi informado o impacto no banco com essa varredura feita pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido).

Quando as notas individuais das provas foram divulgadas, também foi constatado que houve falha na correção de 5.974 candidatos. O Inep fez nova correção das provas, mas, na época, admitiu que nem todas as 190 questões usadas no Enem 2019 tinham sido pré-testadas, o que poderia prejudicar a margem de erro da prova.

METODOLOGIA

Os critérios para considerar os alunos na tabulação foram: 1) Só foram computadas as notas dos estudantes com a situação assinalada como "estou cursando e concluirei o ensino médio em 2019”; 2) Tipo de ensino = regular (exclui educação especial e EJA); 3) Foram considerados os estudantes que estiveram presentes nas quatro provas objetivas e na redação e obtiveram nota superior a zero; e 3) O número de estudantes no 3º ano corresponde aos estudantes matriculados no 3º ano do ensino médio regular e 3º ano do ensino técnico no ano de 2018 de acordo com o Censo Escolar 2018.

A partir dessa base de estudantes considerados, foram considerados os colégios com pelo menos dez alunos participantes no Enem 2019 e com pelo menos 50% de alunos participantes no exame.

Para o indicador de nível socioeconômico das escolas, foram utilizadas as definições atribuídas pelo Inep às escolas no Enem 2015.

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