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Belém vive efeito COP, com lotação de pontos turísticos e alta de estrangeiros

Por Folha de São Paulo

11/11/2025 12h00 — em
Variedades



BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - "Não tinha lugar para colocar o pé no chão de tanta gente", conta Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional no Brasil, sobre a situação ontem na Estação das Docas, complexo gastronômico e cultural, um dos principais pontos turísticos de Belém.

Trata-se do efeito COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que começou nesta segunda (10), que já se faz sentir na capital paraense.

"Com a chegada dos participantes da COP, este último fim de semana foi bem movimentado aqui", avalia Victor Pinheiro, auxiliar de gerente da cafeteria Gaudens, que fica no Porto Gastronômico, espaço com restaurantes no recém-inaugurado complexo Porto Futuro.

Ele aponta que o perfil dos clientes também mudou. "Há muitos estrangeiros. Comecei a fazer atendimentos em inglês, mesmo não sabendo muito. Eles ficam curiosos com o nosso chocolate amazônico, que é feito com cacau aqui do Pará", completa.

Já Mateus Henrique Gomes, atendente do quiosque As Mulatas, na Estação das Docas, diz que a equipe teve que "se virar nos 30" no último fim de semana para atender todo mundo.

A vendedora Sara Melo, do quiosque Bombom do Pará, dos tradicionais doces recheados com frutas amazônicas, diz que o movimento melhorou muito com a COP. "A tendência é melhorar mais ainda, hoje é o primeiro dia. O fim de semana bombou, vendemos uns 40% a mais", conta.

MOVIMENTO REDUZIDO NA SEGUNDA

Nesta segunda-feira (10), o movimento de pessoas era menos intenso, tanto na Estação das Docas quanto no Porto Gastronômico, pelo menos até as 17h. Talvez porque as pessoas estivessem participando das atividades nas zonas azul e verde, no Parque da Cidade.

Mesmo assim, foi possível ver muitas pessoas circulando com a credencial da COP pendurada no pescoço. "Esse último fim de semana foi especialmente cheio, com muita fila", disse Camila Costa, coordenadora de comunicação do Museu das Amazônias.

Aliás, o museu atingiu exatamente nesse período a marca de 50 mil visitantes, cerca de um mês após a inauguração. Camila ressalta que o que chama mais a atenção é o aumento na quantidade de pessoas de fora do Pará ou mesmo do país.

Nesta segunda-feira, o corretor de imóveis francês Michel Orivel apreciava no local a exposição "Amazônia", de fotografias de Sebastião Salgado. Apesar de não participar diretamente da COP, a realização do evento influenciou a sua vinda a Belém. "Hoje eu fui à Zona verde e assisti a um debate sobre veganismo e a uma palestra sobre o vale do rio São Francisco", disse.

Orivel disse ter achado a Zona Verde um pouco fraca e muito comercial, mas afirmou que está gostando muito do Brasil. Antes de Belém, esteve em Macapá (AP) e Santarém (PA). "É quente, mas eu adoro que os brasileiros fazem muitas festas, há sempre um motivo para cantar e dançar, acho maravilhoso."

A sua conterrânea, Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, aponta para a baía do Guajará e diz que é uma vista maravilhosa. "Eu sou estrangeira e sou turista, o que estou vendo da cidade é lindo. Mas a minha amiga brasileira me contou que há um outro lado de Belém, que eu não vi, de extrema pobreza, pessoas sem saneamento básico ou dormindo nas ruas."

HOTÉIS QUASE LOTADOS

Em relação à hospedagem, a taxa média de ocupação dos hotéis é de 95%, segundo Tony Santiago, presidente da ABIH-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará). "Uns estão lotados e outros nem tanto. Ficou dentro do esperado. Tiveram mais sucesso aqueles que fecharam as reservas no início do ano, porque não havia tanta especulação", afirma.

Santigo diz que que a hospedagem deixou de ser a grande vilã da COP30. "Passou o bastão para a coxinha e a Coca-Cola", brinca, com a polêmica dos preços altos da alimentação durante a Cúpula dos Líderes, na semana passada.

Já a presidente do Creci-PA (Conselho dos Corretores de Imóveis do Pará), Maria Luísa Carneiro, diz que sobrou hospedagem. "Se mais delegações tivessem vindo, haveria alojamento para todos", diz.

Segundo ela, cerca de 45% dos imóveis disponíveis não foram alugados. "Nos últimos tempos, houve uma corrida intensa de proprietários querendo alugar seus imóveis sem conseguir público."

A presidente do Creci-PA avalia que "o que realmente prejudicou as locações foram as plataformas como Booking e Airbnb, que, em janeiro, publicaram valores estratosféricos de aluguel, o que levou os proprietários a tentarem praticar valores irrealizáveis".

Deborah Dias, secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas de Sergipe, e Carlos Anderson Pedreira, presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe, se hospedaram com sua comitiva no Vila COP, hotel construído para receber líderes mundiais.

"Somos dez pessoas hospedadas lá. Estamos pagando R$ 1.600 a diária para duas pessoas. Está razoável. Em São Paulo e em outros capitais do país, você paga esse valor sem evento", opina Pedreira.

Com área de 19 mil metros quadrados, a Vila COP tem 405 suítes, divididas em cinco blocos, além de um prédio com escritórios, salas de reunião, academia, áreas de conveniência, restaurante e bar-café. Uma das vantagens é a proximidade do Parque da Cidade.

"Belém está muito preparada para receber todos, o Parque da Cidade está bem estruturado, atingiu as expectativas. É uma oportunidade única na área ambiental, para que possamos trocar experiências e tentar buscar recursos", diz Deborah Dias.


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