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Apontado como 'rei' do tráfico na fronteira com o Paraguai, Fahd Jamil se entrega à polícia

Por Folha de São Paulo

19/04/2021 21h04 — em
Variedades



CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A polícia do Mato Grosso do Sul prendeu na manhã desta segunda-feira (19) o empresário Fahd Jamil, 79, apontado como chefe do crime organizado na fronteira do estado com o Paraguai desde a década de 1990.

Chamado pelo Ministério Público como o "rei da fronteira", ele é acusado de vários crimes, como tráfico de drogas e armas, homicídio e organização criminosa.

Jamil se entregou no Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, após negociação dos advogados dele com a Delegacia Especializada de Repressão Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), segundo a polícia.

Ele estava foragido desde junho de 2020, quando foi deflagrada a 3ª fase da operação Omertà. Entre os crimes investigados estão as mortes do sargento da Polícia Militar Ilson Martins Figueiredo, que era chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, e do pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como Betão.

A defesa de Jamil apresentou uma carta na qual ele afirma não ter antecedentes criminais, ser um "homem idoso, doente e sob perseguição de criminosos", que está aposentado e vive sustentado pelos filhos.

"É bastante divulgado que sempre colaborei para o equilíbrio da segurança na região da fronteira. Minha história de vida revela permanente respeito e colaboração com as autoridades em geral, pela importância das atribuições que elas exercem", diz na carta em que comunica ter tomado a decisão de se entregar por "consideração" aos poderes públicos.

A defesa informou também que entrou com um pedido na 1ª Vara de Criminal de Campo Grande para que a prisão seja cumprida em casa. Os advogados justificam a solicitação "em razão da apresentação espontânea, do estado de saúde extremamente debilitado, que poderá ser facilmente constatado por uma perícia oficial, bem como para segurança pessoal" de Jamil, diante das ameaças recebidas por ele.

Ainda segundo os advogados, durante a tarde, ele foi submetido a exame de corpo de delito, e deve passar a noite na sede do Garras. A audiência de custódia será realizada nesta terça-feira (20).

Segundo divulgado por jornais locais, seu estado de saúde saúde e as ameaças que vem sofrendo de chefes do PCC na disputa de poder na fronteira o levaram à rendição.

No período em que ficou foragido, os advogados solicitaram à Justiça que fosse concedida prisão domiciliar a Jamil, mas os pedidos foram todos negados.

Ao todo, são 20 os réus da 3ª fase da operação Omertà, que foi apelidada de Armagedom. Entre eles, está o filho de Fahd, Flávio Correia Jamil Georges, os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) e ex-presidente da Assembleia Legislativa do estado, Jerson Domingos.

Segundo o MP, a operação envolvia inicialmente apenas a organização chefiada por Name, mas o desenrolar da apuração apontou que as famílias se apoiavam na prática de crimes, comercializando armas entre si e planejando e executando homicídios. De acordo com o órgão, os grupos contavam com a ajuda de agentes estatais de segurança pública.

Em 2005, Fahd Jamil foi condenado a mais de 20 anos de prisão e ao pagamento de R$ 233 mil em multas pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e sonegação.

Logo após a sentença do juiz Odilon de Oliveira, da Justiça Federal em Ponta Porã, ele fugiu para o Paraguai e, em 2009, acabou inocentado pelo TRF3 (Tribunal Regional da 3ª Região).

Em 2006, Jamil entrou para uma lista elaborada pelo governo dos Estados Unidos como um dos maiores traficantes de drogas do mundo.

Na ocasião, reportagem da Folha descreveu que ele atuava há 35 anos na região da fronteira e teve ligações com o cartel de Medellín, da Colômbia. Ele também foi apontado pela CPI da Pirataria da Câmara dos Deputados como um dos principais responsáveis pela entrada de produtos contrabandeados, via Pedro Juan Caballero, no Paraguai, para o Brasil.

Ele já foi preso pela Polícia Federal do Paraná, há cerca de 40 anos, sob a acusação de tráfico de café, e foi solto pouco tempo depois.

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