21 PMs são presos sob suspeita de extorquir comerciantes na Baixada Fluminense
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Corregedoria da Polícia Militar e o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) realizam, na manhã desta quinta-feira (7), uma operação contra 22 policiais militares denunciados por corrupção e associação criminosa. Até o fim da manhã, 21 policiais foram presos.
De acordo com as investigações, os agentes extorquiam ao menos 54 comerciantes em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A denúncia apontou que o grupo envolvido no esquema promovia um "tour da propina", porque visitava sequência dezenas de comércios para recolher o dinheiro ilicitamente.
Os militares foram denunciados por corrupção passiva, negativa de obediência e associação criminosa.
Os crimes aconteceram no segundo semestre de 2023 e, à época, os PMs investigados estavam lotados no 20º BPM (Mesquita).
"Não necessariamente esses policiais estão na área do 20° BPM. Hoje eles estão distribuídos em outros batalhões", afirmou a porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudia Moraes. "Não é motivo de orgulho, nos constrange, mas isso é uma ínfima parte da corporação", completou.
A investigação teve início após a informação anônima do dono de uma loja de reciclagem de materiais, que procurou a Corregedoria da PM relatando que policiais estariam recolhendo propina no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu.
A Delegacia de Polícia Judiciária Militar então passou a monitorar o grupo e constatou que outros comerciantes também eram extorquidos. Em geral, eram estabelecimentos de reciclagem e ferros-velhos, mas também distribuidores de gás, lojas de construção, entre outros.
A Corregedoria apurou que o pagamento era feito sempre às sextas-feiras. Segundo a denúncia, os agentes paravam a viatura nas lojas, alguém se aproximava e entregava o dinheiro ou um dos PMs descia do carro e entrava no estabelecimento, permanecendo poucos minutos antes de retornar à viatura e sair do local. Além de dinheiro, os PMs foram flagrados recolhendo engradados de cerveja e até frutas em um hortifruti.
O Ministério Público afirmou que esse tipo de ação dos denunciados transformou o serviço na PM "numa verdadeira caçada ao 'arrego'". Ainda não se sabe o montante que os envolvidos teriam conseguido arrecadar por meio das extorsões.
A porta-voz da PM, Cláudia Moraes, disse que os militares danificavam ou manipulavam as câmeras corporais a fim de não registrar as ameaças.
"Esses policiais tentavam burlar a câmera: escondiam, ocultavam, não pegavam a câmera durante o serviço. Eles deixavam de usar as câmeras e isso despertou suspeita. Boa parte da investigação foi feita a partir das análises dessas câmeras", afirmou
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