Exercício em excesso pode levar à arritmia cardíaca; condição afetou Izquierdo
A arritmia cardíaca é uma condição que pode ser desencadeada por diversos fatores, como estresse, exercícios físicos intensos, infecções e certos medicamentos. Além disso, doenças preexistentes, como infarto, hipertensão e alterações estruturais ou genéticas do coração, também aumentam o risco de seu desenvolvimento.
O tema ganhou destaque recentemente quando o técnico do Flamengo, Tite, de 63 anos, e o zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, de 27 anos, foram acometidos por arritmia cardíaca durante as oitavas de final da Copa Libertadores, no dia 22 de agosto. Izquierdo chegou a cair em campo devido a uma parada cardíaca, um dos sintomas mais graves dessa condição.
Entre os sintomas mais comuns da arritmia cardíaca estão palpitações, tontura, desmaio, falta de ar e dor no peito. Segundo o cardiologista Antonio Amorim, especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a arritmia ocorre quando os impulsos elétricos que controlam o ritmo do coração são gerados em locais inadequados, provocando um descompasso no batimento cardíaco.
A arritmia pode levar a uma parada cardíaca, sendo a maioria das paradas cardíacas causadas por arritmias severas, conforme explicado pelo cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do InCor (Instituto do Coração) da USP e diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. Ele esclarece que há diversos tipos de arritmia, desde as benignas, que não apresentam risco de vida, até as malignas, que podem ser fatais.
Doenças como miocardiopatia hipertrófica e displasia arritmogênica do ventrículo direito requerem cuidado em relação à prática de atividades físicas, especialmente em jovens. A necessidade de limitação ou ajustes nos exercícios de alta intensidade depende da condição específica de cada paciente, sendo a avaliação individual essencial para garantir a segurança.
Estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros (1 em cada 10) sofram de algum tipo de arritmia cardíaca, de acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). A doença é responsável por mais de 320 mil mortes súbitas anualmente no país. Embora a maioria das arritmias seja benigna, existem casos malignos que podem aumentar o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral), afetando aproximadamente dois milhões de pessoas no Brasil.
A prática de atividades físicas intensas também pode contribuir para o desenvolvimento de arritmias, especialmente em atletas de resistência, como maratonistas e ciclistas. Esses esportes podem levar a alterações estruturais no coração, elevando o risco de uma arritmia conhecida como fibrilação atrial, uma condição mais comum com o envelhecimento, que foi diagnosticada no técnico Tite. Embora seja benigna, essa arritmia pode levar à formação de coágulos no coração, que, se deslocados para o cérebro, podem causar um AVC.
Já as arritmias ventriculares, localizadas na parte inferior do coração, são mais graves e requerem maior atenção. O tratamento depende da gravidade da condição, variando desde o acompanhamento clínico e o uso de medicamentos antiarrítmicos até procedimentos mais complexos, como a ablação e a implantação de dispositivos como o cardiodesfibrilador implantável (CDI), utilizado para prevenir a morte súbita em pacientes com arritmias severas.
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ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar