Estudo estima aumento global de 76% dos casos de câncer até 2050
Um estudo publicado na revista científica Journal of American Medical Association projeta um aumento alarmante no número de pessoas vivendo com câncer: de 20,1 milhões em 2022 para 35,3 milhões em 2050, um crescimento de 76%. A mortalidade também deve disparar, com óbitos anuais subindo de 9,7 milhões para 18,5 milhões, um salto de 89,7%.
O impacto será mais severo em países de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde os casos e mortes devem crescer mais de 140%, comparado a aumentos de 41,7% e 56,8% em nações de alto IDH. Essa disparidade reflete desafios no acesso a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Principais tipos de câncer
Até 2050, o câncer de pulmão deve liderar em incidência e mortalidade global, seguido pelos cânceres colorretal, de mama, fígado, próstata e estômago. Casos de câncer de pâncreas em homens acima de 75 anos na África, por exemplo, terão uma taxa de mortalidade de até 89,4%.
No Brasil, o cenário difere. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) mostram que os tipos mais comuns entre homens são o de próstata, colorretal e pulmão; já entre mulheres, destacam-se os de mama, colorretal e colo do útero. Este último, embora em queda nos países desenvolvidos, ainda é altamente prevalente no Brasil, especialmente entre populações vulneráveis e em regiões com acesso limitado à saúde básica, como o Norte.
Câncer em jovens e desigualdades regionais
Outra preocupação crescente é a incidência de câncer entre adolescentes e jovens adultos de até 29 anos. Essa é a principal causa de mortes não violentas nesta faixa etária no Brasil. Contudo, apenas 10% dos centros de saúde oferecem atendimento específico para jovens, de acordo com estudo da JCO Global Oncology.
Além disso, a desigualdade regional permanece um desafio. Na região Norte do país, atrasos nos diagnósticos e carência de infraestrutura agravam o cenário, resultando em maiores taxas de mortalidade.
Oportunidades de avanço
O estudo destaca a importância de políticas públicas eficazes para reverter as tendências. Casos como o de Ruanda, que possui um sistema de saúde gratuito, ilustram como ações governamentais podem mitigar os impactos do câncer. No Brasil, o sucesso de campanhas antitabagismo já contribuiu para a redução dos casos de câncer de pulmão, mas desafios permanecem.
Especialistas enfatizam a necessidade de avanços em pesquisa, treinamento de profissionais e ampliação do acesso a programas preventivos e tratamentos. A vacinação contra o HPV e exames preventivos são exemplos de intervenções eficazes que podem salvar vidas, se amplamente implementados.
Apesar do cenário global preocupante, os dados reforçam que políticas focadas e investimentos em saúde pública têm potencial de reverter muitas dessas tendências.
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar