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Especialista aponta efeitos psicológicos em pacientes com câncer de mama

Por Portal Do Holanda

15/10/2018 15h45 — em
Saúde e Bem-estar


Foto: Reprodução

O Instituto Nacional de Câncer – INCA aponta que para 2018, Goiás apresenta estimativa de 49,51 casos de neoplasia maligna da mama feminina, para cada 100 mil mulheres. A expectativa é menor que a apontada em 2016 de 57,96 casos para cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres no mundo – 1,7 milhões de mulheres acometidas por ano –, e no Brasil, corresponde por 25% dos casos novos de câncer a cada ano, conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Considerando a importância da Campanha Outubro Rosa, a especialista em Psicopatologia Clínica, professora Ana Carolina, coordenadora do curso de Psicopatologia - Configurações do Sofrimento Psíquico na Contemporaneidade do IPOG, alerta para os cuidados psicológicos no tratamento preventivo contra o câncer de mama. “A prevenção é absolutamente necessária e acrescenta em muitos casos a cura, se tratado ainda no estágio inicial”, alerta a especialista em psicologia clínica.

De acordo com Ana, o câncer de mama pode causar os mais variados efeitos psicológicos ao paciente. “É um pensamento difícil, então a partir deste diagnóstico, é comum o pensamento de finitude ou morte. Cada pessoa lida com isso de uma forma diferente, e por isso, é importante que uma equipe multidisciplinar esteja atenta a este paciente. Ou seja, acompanhar esse paciente é algo imprescindível. Nesse caso, o psicólogo clínico e hospitalar irá acompanhar o paciente e sua família para que cada um possa tentar fazer algo menos desorganizador”, considera a professora de Psicopatologia do IPOG.

Com o acompanhamento do profissional de psicologia, os efeitos positivos serão possíveis ao paciente, para que venha entender os tratamentos, quais são as saídas, e quais ão as possibilidades. Ana Carolina considera que no início da doença, a paciente pode até passar por um estágio de sofrimento, mas se a família e o paciente são acompanhadas e assistidos, também podem falar sobre as dúvidas, medos e desejos e consequentemente poderão ressignificar as questões que ainda são tabus na nossa sociedade. Assim, os efeitos podem ser transformadores e resultam em ressignificado das questões que eram tabus na nossa sociedade.

Tabu ainda assombra pacientes 

A coordenadora do curso de Psicopatologia - Configurações do Sofrimento Psíquico na Contemporaneidade do IPOG, Ana Carolina, exemplifica que as gerações mais antigas se recusam a falar a palavra “câncer” e se referem como: “aquela doença maldita”. A especialista explica que esse comportamento das antigas gerações reflete até os dias de hoje no tabu em relação a sexualidade do corpo feminino.

“Se não se consegue pronunciar a palavra ‘câncer’, como é possível pensar a prevenção? Trabalhamos em psicanálise que o não dito pode virar maldito, e esse é o fator que adoece psicologicamente uma paciente com câncer de mama”, afirma Ana Carolina. A estratégia de prevenção social, de acordo com a especialista consiste em falar e pensar, ressignificando o lugar de maldito, para a realidade dos temas câncer e a feminidade.

“Estamos pensando na mama, que para a maioria das mulheres é um símbolo de feminidade – que alimenta um bebê e da vida a uma criança e principalmente a própria mulher”. Conforme Ana Carolina, as campanhas de conscientização e prevenção contra câncer de mama são essenciais para quebrar esses tabus, principalmente para as mulheres com idade acima dos 40 anos. “Dizer para uma mulher que ela deve conhecer o seu corpo é paradoxal.

Ou seja, ela foi cobrada durante toda a vida, um posicionamento em relação ao seu corpo. Mas apenas após os seus 40 anos é alertada do cuidado com o corpo. Ela precisa se tocar e ver a diferença e detectar o câncer bem no início para o tratamento rápido. Está nas nossas mãos esclarecer para que haja uma mudança social maior”.

Homens também são vítimas

Para Ana Carolina, os efeitos dos tabus em torno da sexualidade podem atingir até mesmo os homens que possuem câncer de mama. “Se para as mulheres esse tema está sendo vencido, para os homens a descoberta da doença pode ser ainda mais devastador, pois em muitos casos a descoberta é tida apenas em estágio avançado – devido a falta do autoexame e de esclarecimentos acerca dessa possibilidade”, diz a especialista.

De acordo com informações publicadas pela American Cancer Society, o risco de homens desenvolverem o câncer de mama ao longo da vida é de 1 em 1.000. A melhor forma de prevenir é a detecção precoce, uma tarefa difícil para o sexo masculino que tende a ignorar os nódulos quando aparecem.

 


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