80% dos adolescentes têm hábitos que favorecem doenças crônicas, diz estudo
Um estudo recente publicado na BMC Pediatrics revelou que 80% dos adolescentes brasileiros estão adotando dois ou mais comportamentos que aumentam o risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, hipertensão, diabetes e até câncer. A pesquisa, que analisou dados da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar) de 2019, foi conduzida pelo IBGE e envolveu 121.580 adolescentes com idades entre 13 e 17 anos.
Os pesquisadores avaliaram sete fatores de risco, incluindo consumo de frutas e vegetais, refrigerantes, guloseimas, nível de atividade física, sedentarismo, tabagismo e uso de álcool. O estudo revelou que 28,3% dos adolescentes apresentaram dois ou mais hábitos prejudiciais, enquanto 27% exibiram comportamentos que podem levar a doenças crônicas.
Entre os adolescentes que manifestaram cinco ou mais comportamentos de risco, a maioria era do sexo feminino (63,6%), tinha entre 13 e 15 anos (54,7%), era de cor branca (40,2%), residia na região Sudeste (48,2%), estudava em escolas públicas (85,3%), vivia em áreas urbanas (96,5%) e classificava sua saúde como muito boa ou boa (55,1%).
Por outro lado, adolescentes do sexo masculino, com raça mista e residentes em áreas rurais apresentaram menor probabilidade de exibir comportamentos de risco. A pesquisa destacou que fatores como alta urbanização, densidade demográfica e falta de espaço para atividades físicas, especialmente na região Sudeste, contribuem para esses padrões.
De acordo com Alanna Gomes, pesquisadora do estudo e residente pós-doutoral na Escola de Enfermagem da UFMG, o convívio social e as influências culturais também desempenham um papel significativo. Ela observou que adolescentes mais velhos, com maior acesso financeiro devido ao trabalho, podem ter mais facilidade para adquirir produtos prejudiciais à saúde, como tabaco e bebidas alcoólicas.
A pesquisa revelou que apenas 3,9% dos adolescentes não apresentaram nenhum fator de risco. A atividade física insuficiente foi o comportamento de risco mais relatado (71,5%), seguido pela ingestão irregular de frutas e vegetais (58,4%), estilo de vida sedentário (54,1%), consumo frequente de guloseimas (32,9%), bebidas alcoólicas (28,1%), refrigerantes (17,2%) e tabagismo (6,8%).
Os pesquisadores sugerem que políticas públicas direcionadas à conscientização de pais e adolescentes podem ajudar a combater o aumento das doenças crônicas. “É essencial implementar abordagens dinâmicas e proativas que envolvam os adolescentes na responsabilidade pela própria saúde, além de educar pais e responsáveis sobre comportamentos saudáveis,” conclui Gomes.
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar