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“A Prefeitura não deve um tostão à empreiteira nenhuma”, reage Paes

Por Agência O Globo

23/10/2016 9h27 — em
Rio de Janeiro



RIO - O prefeito Eduardo Paes afirmou hoje que a Prefeitura irá fiscalizar os canteiros das obras em andamento na cidade e que irá notificar, multar e pode até mesmo cancelar os contratos de obras que estiverem paralisadas. Paes negou que a Prefeitura tivesse dado qualquer ordem formal o u informal para paralisação de obras pela cidade, depois da derrota de seu candidato no primeiro turno das eleições. Cobrado sobre a situação dos canteiros, flagrada pela equipe de reportagem do jornal, o presidente da Associação de Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj), Luiz Fernando dos Santos Reis afirmou, em entrevista publicada na edição de hoje do Globo, que a entidade recebeu 26 notificações de companhias do setor relatando uma ordem de suspensão dos trabalhos que teria sido passada informalmente por fiscais do município. Reis afirmou ainda que o o governo estaria sem dinheiro para honrar os compromissos.

— A Prefeitura não deve um tostão à empreiteira nenhuma. Ao contrário, antecipa recursos que deveriam ser pagos pelo Governo Federal. Esse é o jogo tradicional dos empreiteiros. Eles sempre fazem assim — criticou Paes.

Segundo o prefeito, a única obra parada é a da Transbrasil. E não é, garante Paes, por falta de dinheiro:

— O dinheiro ali vem de um financiamento do Governo Federal e está em dia. Eles estão querendo reajustes e aditivos. E eu não quero dar. Estamos notificando (as empreiteiras).

A dois meses de deixar o cargo, após dois mandatos consecutivos no comando da cidade, o prefeito garantiu que as contas estão em ordem:

A Prefeitura tem suas contas perfeitamente em ordem. Duvido que algum governo no país pague em dia como a Prefeitura do Rio. Ajustes de fim de governo estou fazendo desde o momento em que terminou o primeiro turno para fazer a transição de forma adequada. Não existe um prestador de serviço em atraso — assegurou o prefeito.

De acordo com a reportagem publicada na edição de hoje, entre as obras paralisadas estão alguns canteiros do programa Bairro Maravilha. De acordo com o presidente da Aeerj, depois da ordem da prefeitura, os empresários estão desmobilizando aos poucos os canteiros, e muitas obras devem parar em novembro.

Segundo a reportagem, nsta semana, o prefeito Eduardo Paes decretou que valores só podem ser empenhados pelo município até o último dia deste mês. Só despesas com pessoal e benefícios sociais, precatórios, obrigações tributárias e as financiadas com operações de crédito podem ser liquidadas até 15 de dezembro.

— Foi uma grande surpresa. A gente achava que os contratos iam ter continuidade. Sabíamos que, com a mudança de prefeito, haveria uma interrupção para auditoria. Mas a ordem verbal de suspensão das obras não era esperada. Isso vai criar o caos total no setor — diz Luiz Fernando. — A prefeitura está quebrada, parando. A situação é caótica. Procurado, o governo disse desconhecer as ordens para a paralisação de obras e negou ter qualquer dívida com construtoras. “Todas as obras em andamento estão empenhadas”, declarou, em nota. Apesar de o município ressaltar que todas as empresas são pagas em dia, a Aeerj estima em cerca de R$ 700 milhões as dívidas da prefeitura com as empreiteiras por serviços executados e não pagos.

Em e-mails recebidos pela Aeerj e obtidos pelo GLOBO, empresários relatam ter sido surpreendidos pela decisão do município de desmobilizar os canteiros. Um deles conta que a prefeitura chegou a pedir que as obras fossem executadas com “força total” antes do primeiro turno das eleições e depois determinou o contrário.

Sei que já é do seu conhecimento a ordem de paralisação das obras da prefeitura, feita verbalmente pelos responsáveis pela fiscalização destas. Passaram o ano todo, principalmente durante a campanha do candidato do prefeito, solicitando, até mesmo exigindo, que se aumentasse a equipe, que se abrissem mais frentes, que se trabalhasse nos fins de semana para terem eventos para levar o candidato do prefeito nas localidades ou comunidades beneficiadas por tais obras. Agora, tendo fracassado essa candidatura, recebemos esse tipo de comunicação. Essa ação vai gerar enorme despesa de desmobilização, serviços por concluir”, contou um dos empresários, que, a pedido da Aeerj, não vai ser identificado.

No twitter, Paes voltou a reclamar dos empreiteiros:

“Ainda tem gente que acredita na velha pressão das associações de empreiteiros!Argh! Prefeitura tem suas contas em dia e não deve à ninguém”, protestou.


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