PSB de Alckmin evita PT nos estados e vai apoiar até aliados de Bolsonaro
SALVADOR, BA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Maior partido aliado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha presidencial e legenda do candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin, o PSB não estará no mesmo palanque que os petistas em 11 estados e no Distrito Federal.
Empenhado em ampliar sua bancada no Congresso Nacional, o partido traçou suas próprias estratégias nos estados que incluem neutralidade, candidaturas solo e até mesmo apoio a candidatos a governador aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em Mato Grosso do Sul, o PSB aprovou em convenção uma aliança formal com o candidato a governador Eduardo Riedel (PSDB). Em abril, quando João Doria (PSDB) ainda era pré-candidato a presidente, Riedel disse que estava "fechado com Bolsonaro", gerando mal-estar no partido.
Presidente estadual do PSB, Ricardo Ayache defende o apoio ao tucano e diz que o partido estará engajado na campanha de Lula no estado, mesmo localmente em palanque oposto ao do PT. No estado, os petistas lançaram a advogada Giselle Marques ao governo.
"Riedel é um novo nome da política aqui do estado, tem credibilidade como gestor. Infelizmente, nosso sistema partidário é complexo, mas estamos firmes com Lula e Alckmin", afirmou.
Ele ainda explicou que o apoio formal ao tucano em Mato Grosso do Sul foi uma contrapartida do apoio dado pelo PSDB à candidatura ao governo de Marcelo Freixo (PSB) no Rio de Janeiro.
O cenário é semelhante em Mato Grosso, onde o PSB fechou uma aliança formal com o governador Mauro Mendes (União Brasil), candidato que apoia e é apoiado por Bolsonaro.
"Somos da base do governador, não poderíamos ir contra. Mas isso não altera nosso apoio a Lula na eleição nacional", diz o deputado estadual Max Russi, presidente estadual do partido.
O PSB lançaria a médica Natasha Slhessarenko para Senado, mas ela anunciou sua desistência nesta segunda-feira (8) após um apelo de Geraldo Alckmin.
O candidato a vice-presidente queria que o PSB apoiasse ao Senado o deputado federal e líder ruralista Neri Geller (PP), nome que será a principal ponte entre Lula e o agronegócio. Mas o PSB declinou da aliança em Mato Grosso.
No Paraná, a aliança será informal. O partido aprovou em convenção que ficará neutro na eleição estadual e apoiará Lula na eleição presidencial e a reeleição de Álvaro Dias (Podemos) ao Senado.
Na prática, contudo, a maior parte do PSB apoiará a reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), que fechou uma aliança formal com o PL e defende um novo mandato para Bolsonaro.
Único deputado federal do PSB no estado, Luciano Ducci afirma que a posição da legenda é de independência e que não haverá conflitos entre as eleições estadual e nacional: "Vamos fazer a campanha para Lula e Alckmin".
No Tocantins, os pessebistas decidiram no prazo limite das convenções lançar o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha como candidato a senador sem apoio a nenhum candidato a governador.
Ao mesmo tempo, o candidato ao governo Ronaldo Dimas (PL) decidiu entrar na disputa sem nenhuma candidatura ao Senado. Amastha nega que haja acordo, mas elogia Dimas.
"Não tenho nenhuma restrição a Dimas. Pelo contrário, vejo nele um bom gestor. Mas a filiação dele ao PL impediu uma aliança."
Ex-prefeito de Araguaína, cidade do norte do Tocantins, Dimas era filiado ao Podemos, mas deixou o partido no final de março diante da possibilidade de o partido lançar à Presidência o ex-juiz Sergio Moro, adversário de Bolsonaro.
Dimas tem como principal adversário o governador e candidato à reeleição Wanderlei Barbosa (Republicanos), também apoiador de Bolsonaro.
O palanque de Lula no estado será liderado pelo ex-deputado Paulo Mourão (PT), mas parte dos deputados filiados ao PC do B e PV apoiam Wanderlei Barbosa, fazendo da federação uma espécie de "casamento de fachada".
Em Roraima, o PSB estará no mesmo palanque que o PL em apoio a Teresa Surita (MDB), ex-prefeita de Boa Vista e candidata ao governo. O PT, por sua vez, apoia a candidatura de Rudson Leite (PV), que aderiu informalmente à reeleição do senador bolsonarista Temário Mota (Pros).
Em Alagoas, o partido firmou uma aliança com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), em apoio à candidatura de Rodrigo Cunha (União Brasil). Mas na última hora recuou da parceria e lançou um candidato ao Senado, mantendo apoio informal a Cunha na eleição estadual.
O PSB de Alagoas é liderado pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, que tem relação próxima com a família Bolsonaro e já participou de atos com o presidente na cidade. O PT, por sua vez, apoiará a reeleição do governador Paulo Dantas (MDB), nome apadrinhado pelo ex-governador Renan Filho.
"O PSB saiu da aliança com Lira, mas vota no Rodrigo Cunha, que deixou o PSDB e foi para o União Brasil por orçamento secreto e fundo partidário. Liderava as pesquisas e depois do apoio de Artur Lira está em terceiro lugar a 12 pontos do segundo colocado", criticou o senador Renan Calheiros (MDB).
PSB e PT estarão em palanques distintos na Paraíba, Ceará, Amazonas, Acre e Rio Grande do Sul e Distrito Federal, mas sem apoio a candidatos a governador ligados a Bolsonaro.
Os dois partidos ainda enfrentam um imbróglio no Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, com duplas candidaturas ao Senado em suas respectivas chapas.
No Rio, a manutenção da candidatura do deputado federal Alessandro Molon ao Senado quase resultou no rompimento com o PT, que lançou André Ceciliano para disputar o cargo. Os partidos vão para a eleição com palanques separados para o Senado.
PSB E PT SEPARADOS
Paraná PT com Roberto Requião (PT) e PSB em neutralidade
Rio Grande do Sul PT com Edegar Pretto (PT) e PSB com Vicente Bogo (PSB)
Ceará PT com Elmano de Freitas (PT) e PSB com Roberto Cláudio (PDT)
Amazonas PT com Eduardo Braga (MDB) e PSB com Ricardo Nicolau (Solidariedade)
Paraíba PT com Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e PSB com João Azevêdo (PSB)
Mato Grosso PT com Márcia Pinheiro (PV) e PSB com Mauro Mendes (União Brasil)
Alagoas PT com Paulo Dantas (MDB) e PSB em neutralidade
Distrito Federal PT com Leandro Grass (PV) e PSB com Rafael Parente (PSB)
Mato Grosso do Sul PT com Giselle Marques (PT) e PSB com Eduardo Riedel (PSDB)
Tocantins PT com Paulo Mourão (PT) e PSB em neutralidade
Acre PT com Jorge Viana (PT) e PSB em neutralidade
Roraima PT com Rudson Leite (PV) e PSB com Teresa Surita (MDB)
PSB E PT ALIADOS
São Paulo Fernando Haddad (PT)
Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB)
Minas Gerais Alexandre Kalil (PSD)
Bahia Jerônimo Rodrigues (PT)
Pernambuco Danilo Cabral (PSB)
Pará Helder Barbalho (MDB)
Santa Catarina Décio Lima (PT)
Goiás Wolmir Amado (PT)
Maranhão Carlos Brandão (PSB)
Espírito Santo Renato Casagrande (PSB)
Rio Grande do Norte Fátima Bezerra (PT)
Piauí Rafael Fonteles (PT)
Sergipe Rogério Carvalho (PT)
Rondônia Daniel Pereira (Solidariedade)
Amapá Clécio Luís (Solidariedade)
ASSUNTOS: Política