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PF faz operação contra pesca no Vale do Javari e prende suspeitos de ocultar corpos de Bruno e Dom

Por Folha de São Paulo

06/08/2022 14h35 — em
Política



MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal fez uma operação neste sábado (6) contra pesca ilegal na região do Vale do Javari e cumpriu sete mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Federal. Entre os presos estão três pessoas suspeitas de participação na ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, assassinados em 5 de junho na região.

Os alvos da operação são integrantes de um grupo que atua com pesca ilegal na terra indígena Vale do Javari e nas imediações.

Segundo a PF, eles são ligados a Amarildo Oliveira, o Pelado, denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por ter participado do assassinato de Bruno e Dom, e a Ruben Villar, o Colômbia, investigado por participação em esquema de pesca na região.

Pelado e Colômbia estão presos preventivamente em Manaus. O primeiro, pela participação no duplo homicídio. O segundo, por uso de documentos falsos –Colômbia tem documentos de identificação do Brasil, do Peru e da Colômbia.

Em nota, a PF no Amazonas disse ter conseguido identificar a real identidade de Colômbia: ele se chama Ruben Dario da Silva Villar e é colombiano.

"A PF identificou fortes indícios de que Colômbia seria líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal na região do Vale do Javari, responsável por comercializar grande quantidade de pescado que era exportado para países vizinhos", afirmou a polícia.

Dos sete mandados de prisão, dois são contra Pelado e Colômbia. Houve ainda o cumprimento de dez mandados de busca e apreensão.

"Todos estão sendo investigados por se associarem a Colômbia visando a realização de pesca ilegal na região", disse a PF. "As investigações prosseguem para o cabal esclarecimento do caso."

No último dia 21, o MPF denunciou três pessoas pelo assassinato de Bruno e Dom. A denúncia foi recebida pela Justiça Federal em Tabatinga (AM), o que fez com que os três envolvidos se tornassem réus.

Foram denunciados sob acusação de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver Pelado; Oseney de Oliveira, o Dos Santos, irmão de Pelado; e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, casado com uma parente dos dois.

Outras cinco pessoas –todas elas familiares de Pelado e Dos Santos– são suspeitas de participação na ocultação dos cadáveres do indigenista e do jornalista.

Bruno e Dom foram assassinados no começo da manhã de 5 de junho. Os corpos só foram encontrados dez dias depois, em uma das margens do rio Itaquaí, nas proximidades da comunidade onde moravam dois dos três denunciados.

O MPF argumentou que Amarildo e Jefferson confessaram os crimes. A participação de Oseney, por sua vez, foi comprovada por depoimentos de testemunhas, segundo o MPF.

O órgão afirmou ainda que já havia registro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal no território indígena.

"O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido para Dom fotografar o barco dos acusados, o que é classificado pelo MPF como motivo fútil e pode agravar a pena", disse a Procuradoria.

As investigações da PF prosseguiram após a denúncia. Os policiais tentam desvendar o "nível de ódio", nas palavras dos investigadores, que levou pescadores da região do Vale do Javari a executarem as duas vítimas.

A investigação tenta descobrir se houve uma organização prévia do crime, inclusive com participação de diversos integrantes da mesma família, ou se a decisão de assassinar Bruno e Dom teve um aspecto repentino, a partir do momento em que se soube que os dois estavam transitando pelo rio Itaquaí, na região do Vale do Javari, rumo a Atalaia do Norte (AM).

O esclarecimento da motivação com mais objetividade pode ser decisivo para o apontamento da existência ou não de um mandante dos crimes, segundo investigadores.

Colômbia comercializava pescados com Pelado e alimentava a pesca ilegal na região do Vale do Javari, segundo a PF. Uma hipótese investigada é que ele possa ser mandante dos crimes.

Procurada pela reportagem, a defesa dos acusados disse que ainda busca informações sobre a operação da PF e sobre as prisões efetuadas.


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