Hugo Motta tem apoio de mais 4 partidos; PSD abre diálogo, mas Brito mantém candidatura
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), conseguiu apoio de mais quatro partidos à sua candidatura na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. Com isso, o parlamentar consolida seu nome na disputa e isola seus adversários, Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).
Brito afirmou nesta terça-feira (5) que sua candidatura está mantida, mas disse que o partido abrirá diálogo com Hugo Motta e Lira para tratar de "proporcionalidade" dos espaços do PSD na Casa, sinalizando pela primeira vez que pode deixar a disputa. A bancada delegou a ele essa tarefa de iniciar as conversas.
Nesta terça (5), Hugo Motta recebeu apoio formal da federação PSDB-Cidadania (com 17 deputados), do PSB (14) e do PDT (18) -todos os partidos que, inicialmente, haviam sinalizado favoravelmente à candidatura de Elmar. Na semana passada, inclusive, representantes dessas legendas acompanharam Elmar em reunião do deputado com a bancada do PT.
Agora, com a iminente desistência de Elmar, partidos que estavam no bloco de aliança do líder do União Brasil recuaram e migraram para se aliar ao deputado paraibano. Havia uma preocupação entre os integrantes dessas bancadas de que os partidos fiquem isolados e percam espaços na Casa (como relatorias, cadeira na Mesa Diretora e nas comissões temáticas).
Com isso, Hugo Motta consegue apoio formal de 72% das 513 cadeiras da Casa (374). Na semana passada, ele já tinha o endosso público do PT de Lula, do PL de Jair Bolsonaro (as duas maiores bancadas da Câmara) e das siglas PP, MDB, Podemos, PV e PC do B, além de sua própria legenda, o Republicanos.
Na semana passada, o União Brasil também decidiu pelo apoio, e Elmar sinalizou sua desistência -apesar de não ter formalizado oficialmente sua retirada da disputa.
Após reunião da bancada do PSD, Brito disse que tratará com Lira e Hugo sobre "proporcionalidade" e espaços do partido na Câmara, como cargos na Mesa Diretora e nas comissões temáticas (apesar de não citá-las nominalmente).
"A posição da bancada foi manter a candidatura. Eu fiz uma ponderação à bancada e coloquei que se dialogarmos com o presidente Arthur Lira e com o candidato do Arthur Lira, Hugo Motta, a fim de manter as proporcionalidades que o PSD tem mantido na Casa, voltaríamos à bancada para dialogar se a bancada deseja continuar com a manutenção da candidatura, ou se há algum tipo de mudança", disse Brito.
Uma ala do partido afirma que o melhor caminho seria Brito desistir, já que há receio de a sigla perder esses espaços na Casa. Outros parlamentares, por sua vez, incentivam o líder a manter seu nome no páreo. Há um sentimento entre os parlamentares, no entanto, de incômodo com a rapidez com a qual o PT endossou a candidatura de Hugo.
"Pesou muito a posição do PT e do governo em apoiar Hugo Motta. Isso pesou, porque a bancada é da base do governo e uma bancada que tem as tratativas com PT de lealdade", disse Brito após o encontro.
Na ocasião, os parlamentares também decidiram estender a liderança do deputado à frente do partido até 2025.
Nos bastidores, deputados do PSD dizem que têm o desejo de manter espaço na Mesa Diretora, das comissões temáticas, além de ter um representante da legenda na Comissão Mista de Orçamento ou na relatoria ou na presidência do colegiado. Além disso, a sigla deseja manter o comando da Corregedoria da Casa.
OUTROS PARTIDOS
No anúncio do apoio ao deputado apoiado por Lira, o líder do PSDB, Adolfo Viana (BA), o chamou de deputado "mais do que qualificado". "Respeita o contraditório e, sobretudo, tem capacidade de construir convergências", disse.
Líder do Cidadania, Alex Manente (SP) afirmou que o deputado do Republicanos é um "grandioso talento para o futuro da política" brasileira.
Ex-presidente da Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que este é um "momento especial para nós, que prezamos pela política". "Para quem acredita que a boa política pode ressuscitar o Brasil. Estamos num momento de muita dificuldade", disse Aécio.
Após a reunião com a federação, Hugo Motta afirmou que defende que a Câmara tenha um "ambiente salutar" e disse que a Casa não "pode ser palco de episódios tristes onde se debatem pautas que não são prioridades para a sociedade". Ele afirmou que procurará o PSD e os demais partidos para ampliar seu leque de alianças.
O PSB, por sua vez, tinha sinalizado apoio a Elmar após o União Brasil apoiar a candidatura de João Campos à reeleição na Prefeitura do Recife e de Duarte Jr. à Prefeitura de São Luís, no Maranhão. Nesta terça, Campos participou da reunião da bancada ao lado do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para endossar o nome de Hugo Motta.
"Fruto de sua capacidade de fazer política, de confiança, de credibilidade e de mobilizar as melhores forças ao seu lado, Hugo chega aqui com apoio unânime da bancada do PSB. Isso mostra a capacidade de construção e unidade", afirmou o prefeito do Recife.
No fim da tarde, Hugo se reuniu com a bancada do PDT -em julho, a executiva nacional da legenda aprovou um indicativo de apoio a Elmar. Também estavam na reunião desta terça o ministro pedetista Carlos Lupi (Previdência) e o próprio Lira.
Segundo os pedetistas, a decisão de apoiar o líder do Republicanos surgiu após Elmar sinalizar à bancada que desistiu de concorrer.
Líder da maioria na Casa, André Figueiredo (PDT-CE) disse que a bancada tem confiança de que a gestão de Hugo Motta representará "a continuidade da gestão de Arthur Lira". "Não temos necessariamente convergências ideológicas, mas temos a pauta da defesa da democracia e de um Parlamento forte", disse.
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