Filha diz que médico citado em laudo falso de Marçal nunca trabalhou em clínica
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A médica Aline Souza, filha do médico José Roberto de Souza, afirmou em vídeo que o pai dela nunca trabalhou na clínica que aparece no falso laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB) para associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína.
"Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda no meio dessas campanhas políticas. Não sei o por que e em qual contexto foi usado o nome e o CRM [registro profissional] do meu pai pelo Pablo Marçal. A questão é muito grave, não sei até que ponto e por que usar a identidade de uma pessoa que nem está aqui", afirmou, em vídeo.
"As coisas estão começando a ser apuradas. Mas quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada", completou a médica.
Segundo o jornal O Globo, uma outra filha do profissional, Carla Maria de Oliveira e Souza, afirmou também que a assinatura no documento não era do seu pai.
O médico era hematologista e morreu de Covid em 2022, segundo a coluna. Ele trabalhava em Campinas e nunca teria atendido em São Paulo.
Em entrevista à TV Globo, Aline Souza disse que em 2021, data do falso laudo, o pai enfrentava uma doença e estava muito debilitado, sem exercer a profissão. Ela mostrou ainda uma tatuagem que fez a partir da assinatura do pai, que é diferente da que aparece no falso prontuário publicado por Marçal.
O vídeo da filha se soma a uma série de evidências que mostram que o laudo postado pelo influenciador é forjado.
Entre elas, estão inconsistências no documento, ligações do dono da clínica com o candidato, semelhança com outra imagem na internet e descompasso com compromissos de Boulos no dia em que a alegada internação teria ocorrido.
Boulos, como antecipou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, pediu à Justiça a prisão do influenciador por falsificação de documento.
O documento falso atribuído à clínica Mais Consulta diz que Boulos foi atendido em janeiro de 2021 na unidade do Jabaquara (zona sul de SP) em surto psicótico. Ainda segundo o laudo falsificado, o acompanhante do agora candidato do PSOL teria levado um exame toxicológico que apontaria a presença de cocaína no sangue do atual deputado.
Na manhã deste sábado (5), o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, chamou o laudo de falso e concedeu liminar determinando a pronta exclusão de vídeos publicados nas plataformas Instagram, TikTok e Youtube fazendo referência ao um documento.
"Há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do feito", afirmou o juiz.
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