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Eleição em São Luís põe em xeque coalizão de Flávio Dino, governador do MA

Por Folha de São Paulo

20/10/2020 11h34 — em
Política



SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Com cinco candidatos de partidos da base de Flávio Dino (PC do B), a eleição em São Luís será uma espécie de teste de unidade para a coalizão que dá sustentação ao governador do Maranhão.

Reeleito em 2018 com uma base de 15 siglas que ia do PT ao DEM, Dino não construiu uma candidatura única em sua base para enfrentar o até agora favorito nas pesquisas, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos).

Braide foi surpresa da eleição municipal de 2016, quando se candidatou pelo nanico PMN e, sem nenhum aliado poderoso, chegou ao segundo turno. Na época, acabou sendo derrotado pelo prefeito Edivaldo Holanda (PDT), mas consolidou-se como principal nome da oposição para 2020.

Nesta campanha, Braide tem adotado um perfil ameno, evitando enfrentamentos com os adversários e com o governador. Em entrevistas e debates, tem buscado elencar emendas que se reverteram em obras e equipamentos na capital maranhense.

Já a base de Dino se dividiu entre as candidaturas de Rubens Pereira Júnior (PC do B), Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (PROS). Todos, com exceção de Moyses, exerceram cargos no governo estadual.

A pulverização não foi exatamente uma estratégia. A pré-campanha foi marcada por uma série de disputas internas que resultou em uma fragmentação dos partidos da base.

O PDT do prefeito Edivaldo Holanda, que completou um ciclo de oito anos à frente da Prefeitura de São Luís, optou por não lançar candidato e apoia o deputado estadual Neto Evangelista. A aliança é uma das três entre PDT e DEM em capitais do Nordeste.

O candidato do DEM afirma que, mesmo com o apoio do partido do prefeito, sua gestão não será uma sequência do governo Edivaldo. "Não é uma gestão de continuidade. Quero marcar um momento novo na gestão de São Luís em relação à administração pública", afirma.

Além do PDT do prefeito, Evangelista ganhou o reforço do MDB, partido da ex-governadora Roseana Sarney, principal adversária de Dino. Em nota, a ex-governadora afirmou que a decisão partiu da executiva nacional do partido.

A família Sarney até ensaiou ter um candidato à prefeitura. O deputado estadual Adriano (PV), filho do ex-ministro Sarney Filho, chegou a registrar candidatura, mas recuou logo no início da campanha. Alegou desequilíbrio na disputa e falta de espaço para apresentar suas ideias.

O PC do B, partido do governador, lançou para a disputa o deputado federal Rubens Pereira Júnior. Com o maior arco de alianças da capital maranhense, ele conquistou o apoio do PT e tem ancorado sua campanha nas imagens de Dino e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos anos, Rubens travou uma disputa interna com o deputado estadual Duarte Júnior pela indicação do partido para disputar a prefeitura da capital.

Preterido, Duarte deixou o PC do B em fevereiro e filiou-se ao Republicanos, legenda do vice-governador Carlos Brandão Júnior. A mudança teve o aval do governador.

Ocupou a superintendência do Procon e a gestão do Viva Cidadão no governo.

Na campanha, Duarte Júnior tem buscado diferenciar-se de Rubens e Neto, que são filhos de políticos tradicionais do estado, e adotou o slogan "Filho do povo, igual a você".

"O eleitor está em busca de renovação, cansou de ver o poder passar de pai para filho. Não sou político e não venho de família de político. Comecei de baixo", afirma Duarte à Folha.

Ele também diz que foi por indicação de Dino que se filiou ao Republicanos, legenda que nacionalmente apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas ressalta não ter nenhuma relação com o ideário do presidente: "Tenho compromisso com a ciência e com a educação".

Os primeiros dias de campanha já foram marcados por uma disputa no campo governista pela imagem do governador. No primeiro dia de horário eleitoral, Dino foi citado ou apareceu em foto nos programas de Rubens, Duarte, Neto e Bira. Para não fraturar sua base, o governador não vai participar da campanha no primeiro turno.

"O governador sempre teve uma postura muito aberta e nunca arrogou para si o poder de definir as candidaturas na capital, como acontecia no passado. Ele respeita pluralidade da sua base", afirma o deputado federal Márcio Jerry (PC do B), um dos principais interlocutores de Dino no Congresso.

A eleição em São Luís também traz como pano de fundo uma disputa na base pela sucessão de Dino, que encerra seu segundo mandato em 2022.

Uma vitória na capital poderá fortalecer nomes como o vice-governador Carlos Brandão, que apoia Duarte, o senador Weverton Rocha (PDT), que endossou Neto Evangelista, além da senadora Eliziane Gama (Cidadania) e do deputado Márcio Jerry, que apoiam Rubens Pereira Júnior.

A campanha também tem sido marcada pelas convenções e atos de campanha com aglomerações, sobretudo em bairros da periferia. A capital maranhense foi uma das poucas do país a decretar isolamento social rígido ainda no início da pandemia.

O resultado é que dois candidatos foram contaminados pela Covid-19 após o início da campanha: Rubens Pereira Júnior e Carlos Madeira (Solidariedade) -este desistiu da corrida eleitoral após ser acometido por uma síndrome pós-Covid.

Também disputam a eleição os candidatos Professor Franklin (PSOL), Silvio Antonio (PRTB), Jeisael (Rede) e Hertz Dias (PSTU).

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