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Castro diz não ver sinal de golpe de Bolsonaro e que não vai 'jogar lenha na fogueira'

Por Folha de São Paulo

20/05/2022 21h36 — em
Política



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Pré-candidato à reeleição no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) diz não ver nenhum ato por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado e fiador de sua campanha, que indique uma eventual tentativa de golpe.

Questionado sobre a escalada antidemocrática de Bolsonaro, Castro respondeu que não é papel de um governador colocar lenha na fogueira. Em sintonia com a estratégia de sua pré-campanha, ele diz que tem trabalhado como um mediador, apostando no diálogo.

Castro afirma que pacificou as relações do estado com o governo federal e com a Assembleia Legislativa, conflituosas durante o mandato de seu antecessor, o ex-governador Wilson Witzel, de quem foi vice.

"Não acho que eu agrego nada ao país jogando lenha na fogueira. Tenho conversado com vários ministros, com o pessoal da Presidência, tentando agir como apaziguador", diz.

O governador foi entrevistado em sabatina realizada por Folha de S.Paulo e UOL, na tarde desta sexta-feira (20).

Evitando entrar em confronto com Bolsonaro, Castro afirma ainda que nunca questionou as urnas eletrônicas, mas pondera que qualquer trabalho para melhorar a segurança do processo eleitoral é positivo.

Ele diz acreditar na reeleição do aliado e afirma que não há "momento político e institucional" para um golpe de estado. "Acho que o Bolsonaro, ainda que perdesse, [mas] percebendo, confiando nas instituições, não teria nenhuma espécie de golpe."

Questionado sobre uma eventual aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador respondeu que seu candidato sempre foi Bolsonaro. Alguns apoiadores do governador são favoráveis ao ex-presidente e estimulam o voto Castro-Lula.

Ele diz que ninguém passou pelas dificuldades do presidente, em meio ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, e que considera seu mandato positivo. Afirma, ainda, que muitas vezes concorda com Bolsonaro na questão econômica e que o governo vai bem nos investimentos em infraestrutura.

"Acho que todo mundo tem o que evoluir, ele deve estar fazendo as autocríticas como faço as minhas aqui. Ninguém é perfeito, mas acho que o governo dele, principalmente pelo que passou, é positivo."

Ainda sobre a relação com a família presidencial, Castro negou que o senador Flávio Bolsonaro (PL) tenha pedido para indicar o vice-governador de sua chapa.

Sobre a relação de proximidade com o petista André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato ao Senado, Castro diz que o aliado foi "importantíssimo" no processo de pacificação do estado. O governador afirma que, apesar das diferenças partidárias, ambos conseguem dialogar no campo da gestão.

Criticado por supostamente lotear cargos no governo para aliados, Castro afirma: "O que eles chamam de loteado, eu chamo de governo de coalizão".

O governador diz que não foi comunicado pela União Brasil, legenda que compõe sua aliança, sobre a pré-candidatura de Anthony Garotinho, que nesta semana oficializou seu desejo de concorrer ao Palácio Guanabara. "Eles ainda não me comunicaram que não estejam no meu palanque. Hoje nem considero o ex- governador candidato", afirma.

Na próxima segunda-feira (23), o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julga a validade da delação premiada de Bruno Selem, funcionário da Servlog, empresa que mantinha contratos com órgãos estaduais.

Em sua colaboração, Selem disse que Castro "recebia propinas e auferia vantagens políticas com o projeto Qualimóvel municipal", desde quando era vereador até quando foi vice-governador, em 2019.

A delação conta com vídeos de Castro com uma mochila que, segundo o empresário, levava R$ 100 mil em propina. Na ocasião, ele encontrou-se com Flavio Chadud, dono da Servlog, em um shopping na Barra da Tijuca (zona oeste).

Questionado sobre o assunto, o governador respondeu que sempre andou de mochila e que naquele dia foi apenas tomar um café da manhã com um amigo. Disse que não promoveu qualquer interferência nos contratos de Chadud com o estado.

Castro também afirma que a delação é ilegal —sua defesa argumenta que a lei anticrime obriga o delator a ter o depoimento em vídeo. No caso de Selem, a gravação foi feita, mas o delator apenas lê o depoimento escrito.

No início do mês, a Folha de S.Paulo mostrou que obras estaduais foram utilizadas para promoção da pré-candidata a deputada federal Danielle Cunha, filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Trabalhadores das obras vestiram camisas com os dizeres "Equipe Dani Cunha", em referência à aliada do governador.

Castro diz que "é radicalmente contra isso" e afirma que a "Controladoria está em cima para entender o que houve". "Se a empresa ou algum agente cometeu erro, vai ser punido com certeza."

Sobre a festa de aniversário no Jockey Club, cujos gastos foram questionados por adversários, o governador respondeu que se divertiu muito.

De novo, ele afirmou que seus amigos custearam o evento e que toda imprensa foi convidada. "A minha transparência incomoda as pessoas. Não há quem queira esconder algo que convide a imprensa."

A respeito da segurança pública, o governador afirma que em até 30 dias devem ser instaladas as câmeras nos uniformes policiais.

Ele também nega que tenha comemorado as mortes no massacre do Jacarezinho, mas diz que, entre os 28 mortos, apenas o policial André Leonardo Frias era inocente. O Ministério Público constatou que duas das vítimas não eram ligadas ao crime e foram atingidas por acaso durante os confrontos.

"O papel de defender bandido é do meu adversário", afirma o governador, em referência ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB).

Castro argumenta que tem investido na formação dos agentes de segurança e diz que seu governo tem uma política de segurança clara, que prevê punições aos maus policiais.

"É uma política de segurança pública que está avançando, não se resolve todo o problema que vem de décadas em 21 meses", afirma.

Castro lidera a disputa à reeleição no estado com 25% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, segundo a mais recente pesquisa Quaest/Genial, divulgada em maio. Freixo (PSB) aparece em seguida, com 18%.

Em terceiro lugar, está Rodrigo Neves (PDT), com 9%. No pelotão seguinte aparecem André Ceciliano (PT), com 2%, Paulo Ganime (Novo), também com 2%, e Felipe Santa Cruz (PSD), com 1%. Branco, nulo e os que não pretendem votar somam 33%. Os indecisos são 10%.

Já num segundo turno entre Castro e Freixo, o governador marcaria 38%, contra 27% do deputado. Nessa simulação, 27% dizem que votariam branco, nulo ou que não votariam. Os indecisos são 8%.

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RAIO-X

Cláudio Castro, 43

Eleito vereador no Rio de Janeiro em 2016, foi vice na chapa encabeçada pelo ex-juiz Wilson Witzel, eleito para o governo do estado em 2018. Diante do processo de impeachment do antecessor, assumiu a administração estadual em agosto de 2020. Cantor católico, também foi chefe de gabinete do deputado estadual Márcio Pacheco na Assembleia Legislativa do Rio.

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