Kaline diz que foi manipulada por advogadas para transcrever carta que absolveu cantor: ‘foi induzida’

Manaus/AM - Uma nova reviravolta aconteceu no caso de Kaline Milena Oliveira, 30, a vendedora que havia denunciado o namorado, o cantor Diego Damasceno de Souza, 29, por uma violenta agressão que a deixou sem dentes, em Manaus. Após divulgar uma carta que pedia a soltura de Diego e contribuiu para sua absolvição, a jovem revelou, na sexta-feira (23), que transcreveu a carta feita pela advogada do agressor, após ser manipulada pelos amigos dele.
O novo relato foi divulgado durante uma live feita pela advogada Adriane Magalhães e a vítima Kaline. No vídeo, a advogada Leiliane Nóbrega foi acusada de atuar com a também advogada Leidy Pacheco, e um casal de amigos de Diego, para manipular Kaline e levá-la a mudar seu depoimento e livrá-lo da prisão. (confira o vídeo no fim da matéria)
Acusação de manipulação
“Kaline me disse o seguinte, Drª eu estou muito mal e um casal de amigos dele [Diego] lá de Manacapuru me chamou pra passar o final de semana lá. Na mesma hora, as amigas de Kaline me ligaram e me contaram: ‘Doutora, não deixe, porque são amigos dele, da família dele e vão fazer a cabeça dela’. Eu liguei pra Kaline e falei: ‘Kaline, não vai’. Mas ela acreditando que eram amigos dela também, ela foi para esta fazenda e ficou lá o final de semana”, disse Adriane Magalhães.
Segundo Adriane, após Kaline voltar da viagem, foi nítida a mudança de pensamento e posicionamento sobre o caso. “Eu vi que Kaline foi totalmente, completamente induzida, e ao meu ver, foram criminosos, cometeram crime sim, induziram sim a Kaline de todas as formas possíveis e eu tenho aqui áudios e mensagens”, pontuou.
Na fazenda de Manacapuru, Kaline explicou que foi manipulada pelo casal de amigos de Diego, que usaram argumentos religiosos e cometeram pressão psicológica. Após convencer Kaline, o casal organizou um encontro com a advogada de Diego, Leiliane Nóbrega, momento em que ela designou sua sócia Lady para atuar no caso de Kaline.
“Levaram Kaline até a advogada do Diego, isso não se faz, é antiético”, disse. “E lá, a advogada do Diego ofereceu, segundo Kaline, a sócia dela para trabalhar para Kaline, isso não se faz, é antiético”, declarou Magalhães.
Conforme Adriane, a carta foi criada para Kaline apenas transcrever. “Ela achava que ele só ia ser solto, ela não sabia que ele ia ser absolvido do processo”. Kaline explicou que foi comovida após os amigos dele afirmarem que ele corria risco de morte na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP).
Versão de Kaline
"As primeiras palavras que eu ouvi quando cheguei lá [na fazenda] foi ‘Meu Deus amiga, tu tá muito mal, tu não tá bem com isso. Kaline vocês se amam, não era pra isso ter acontecido, o inimigo usou vocês, Deus não queria isso para vocês, vocês precisam de terapia’. E foi o sábado todo assim. Ela fez uma oração comigo e aí ela disse que estava muito preocupada com o Diego na cadeia que podiam matar ele. E assim gente, um sentimento não morre de um dia pro outro, e ali eu deixei meu sentimento me levar. E aí falaram isso, que ele podia ser morto, que ele nunca entrou numa prisão, que eu era muito explosiva, que eu tive culpa, e que só eu podia tirar ele de lá”, disse Kaline.
“No sábado à noite, novamente tocamos no assunto e o esposo dela falou que a única solução que ele via era procurar a advogada do Diego e falar pra ela que eu iria ajudar ele. E assim foi feito”, completou. Segundo ela, no domingo de manhã (10), ela foi apresentada à advogada de Diego.
“No domingo de manhã eles já estavam com o contato da advogada do Diego. Eu tinha dado uma saída com a filha dela e quando voltei eles já tinham feito uma chamada de vídeo com ela e falaram pra ela que eu ia ajudar no caso. Então, fizemos uma nova chamada de vídeo com a Leiliane e eu falei que estava disposta a ajudar porque eu não queria que ele morresse ali dentro, pois era o que passava na minha mente naquele momento”, disse Kaline.
Kaline foi levada para a casa de Leiliane no dia seguinte, juntamente com os dois amigos de Diego, que a convenceram a ajudar na soltura do agressor. “Chegamos lá [na casa de Leiliane], estava a Leiliane, eu, a pessoa que me levou. Em seguida, chegou a doutora Leidy, que é amiga pessoal da Leiliane — elas trabalham no mesmo escritório”, disse Kaline.
“A doutora Leidy ia advogar pra mim porque a Leiliane não podia, pois estava com o Diego, mas ela [Leiliane] ia estar por trás manuseando as coisas para poder conseguir tirar ele de lá [cadeia]. Foi quando falaram para eu tirar a doutora Adriane do caso, pois ela havia me exposto muito. Falaram em vários momentos que eu poderia processar ela. Foi quando eu pedi para a doutora Adriane [Magalhães] sair do caso”, disse Kaline.
No dia 15 de maio a juíza Ana Gazzineo recebeu denúncia contra Diego e deu um prazo de 10 dias para ele apresentar sua defesa. No mesmo dia, Laidy Pacheco apresentou a carta assinada por Kaline. No dia 16, Leiliane pediu pela revogação da prisão e a juíza marcou no dia 21 uma audiência presencial.
Na audiência, Diego foi absolvido da acusação e revogou a prisão preventiva e as medidas protetivas que Kaline tinha ao seu favor. “Verifica-se que os elementos probatórios coligidos não se mostram aptos a amparar um édito condenatório, haja vista que se restringem à fase pré-processual, uma vez que, em sede judicial, tanto a suposta vítima quanto o acusado deixaram de ratificar ou confirmar suas declarações anteriormente prestadas”, escreveu a juíza, na sentença.
Kaline afirmou que não sabia que Diego seria inocentado dos crimes, e que não foi informada sobre isso em nenhum momento. Segundo ela, sua atitude, movida na emoção, seria para apenas tirá-lo da UPP, pois foi convencida de que ele poderia ser morto.
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