Marcos Rotta chama Ricardo Nicolau de "enlameado"
O caso da reunião fantasma, em que foi assinado um aditivo de R$ 1,6 milhão para obras do edifício-garagem (num dia de domingo e em pleno recesso parlamentar), provocou a ira do deputado Marcos Rotta (PMDB) contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Nicolau (PSD), denunciado Ministério Público. “Não vou permitir que um enlameado tente sujar não apenas o meu nome, mas também o nome de outros parlamentares que afirmaram que essa reunião jamais aconteceu”, afirmou Rotta, que num discurso na sessão desta terça-feira 20, exigiu cópia da ata em que se firmou o aditivo faltando apenas 18 dias para o final do mandato de Nicolau (2011/2012).
OLHA O CADAFALSO
Marcos Rotta, que usava a tribuna para reclamar de não ser nem avisado sobre qualquer decisão de Nicolau, apesar de vice-presidente da Casa, lembrou que todos os outros membros da Mesa Diretora afirmaram desconhecer a tal reunião em dia de domingo. “Agora o cidadão que está no cadafalso quer levar todo mundo com ele. Não senhor, não senhor! Eu não vou permitir isso, não apenas por mim, mas pelos outros que nada fizeram para que esse quadro chegasse a essa proporção”, ironizou.
JOIO IMUNDO E GELO
Em outro momento, ao sustentar que a Casa não tem mais motivo para evitar uma investigação pela Comissão de Ética, declarou: “O mínimo que esta casa tem de fazer é separar esse joio imundo do trigo. É o mínimo que a Assembleia tem de fazer. Até quando a Assembleia vai ficar fazendo ouvidos de mercador? Essa situação está se tornando uma bola de neve e querem colocar nessa bola de neve, pessoas que nem sequer confeccionaram o gelo”.
SOBROU PARA O DIRETOR GERAL
Rotta repetiu que abriu 93% das sessões plenárias enquanto vice-presidente, sendo essa a única tarefa porque Nicolau agia de forma individualista, ignorando “solenemente” os demais membros da Mesa e revelou: “Muitos membros da eleição passada, tiveram participação fundamental na eleição do ex-presidente, que nem isso quis reconhecer. Nem o sentimento de gratidão carregou o ex-presidente da Mesa, que passou a ignorar frontalmente a Mesa e somente despachava com o diretor-geral. O resultado está aí”.
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O diretor-geral é Wander Motta, no cargo há mais de uma década e um dos denunciados pelo Ministério Público Estadual, assim como outros funcionários, por suposto superfaturamento de cerca de R$ 5 milhões.
MOMENTO TERNURA
Mas nem só de duras palavras Rotta recheou seu discurso. A colega Conceição Sampaio (PP), em aparte, tentou botar água na fogueira. Lamentou o momento vivido pela Assembleia, lembrou que prefere não fazer pré-julgamento, porém “uma reparação precisa ser feita”, todos têm obrigação com a população, em todas as casas legislativas as decisões são monocráticas, mas isso precisa mudar. Comentário do colega: “Deputada Conceição, ouvir Vossa Excelência é quase como ingerir um calmante. É sempre muito tranquila, muito serena e ponderada”.
JURO QUE NUNCA EXISTIU
O deputado Vicente Lopes (PMDB) fez um aparte para dizer ser testemunha de que Marcos Rotta fora à tribuna para dizer que ficou sabendo do pacote de obras de Nicolau através da imprensa, assim como ele próprio e a maioria deles. Também disse acreditar nos ex-membros da Mesa, quando afirmam não ter participado de reunião para tratar do aditivo. Mas o oposicionista Marcelo Ramos (PSB) não economizou a língua ferina. “Não houve essa autorização para o aditivo nem no dia 13, nem em data nenhuma. Não foi erro de digitação. A decisão do aditamento do contrato foi exclusiva do ex-presidente”.
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