Cultura para empreender, mas sem infraestrutura
Manaus, em que pese seu crescimento nos últimos anos, poderia estar bem melhor se as condições infraestruturais fossem mais apropriadas e, ao invés de atrapalhar o crescimento econômico do município, o incentivasse. Exemplo desse tipo de entrave à expansão da atividade econômica é a falta de conexão rodoviária de Manaus com as demais capitais do país, à exceção de Boa Vista/RR.
No último mês de novembro, a Endeavor, organização voltada para o apoio e incentivo a empreendedores de alto potencial de crescimento, divulgou estudo comparativo entre 14 capitais brasileiras visando estabelecer o que atrai o empreendedorismo e quais as condições para fixá-lo em determinadas cidades, como Florianópolis, em Santa Catarina/SC, que, conforme o ranking montado pelo estudo, é a primeira colocada por reunir boas condições como infraestrutura e qualidade de vida, acesso a capital para financiar projetos, mercado, entre outros.
Se Florianópolis, com cerca de 420 mil habitantes, é a primeira colocada no ranking tendo marcado 7,53 pontos, Manaus conseguiu ficar em 10º lugar com 5,33 pontos, enquanto a última colocada, Salvador/BA, só marcou 4,53.
Na 10ª posição, a capital do Amazonas só fica à frente de Belém e de três capitais nordestinas (Recife, Fortaleza e Salvador) no ranking Índice de Cidades Empreendedoras (ICE 2014).
No entanto, não é por falta de vontade de empreender que Manaus está nessa posição. Conforme a pesquisa da Endeavor, quase 60% da população diz acreditar que os empreendedores são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil. E foi nesse quesito – cultura ao empreendedorismo - que Manaus ficou em primeiro lugar dentre os sete pilares avaliados. Os outros são: mercado, ambiente regulatório, infraestrutura, inovação, capital humano e acesso a capital, pilar no qual a cidade ficou em último lugar.
Porém, até nesse tipo de pesquisa Manaus mantém sua marca de ser um local de contrastes. Por exemplo, na avaliação sobre o tempo necessário para obter ligação de energia elétrica, a marca por aqui é de 5 dias, igual à de outras três capitais. Porém, o problema em Manaus é a baixa qualidade no fornecimento da energia.
Agora, quando o processo aferido é o tempo demandado para a abertura de um negócio, Manaus está longe de atingir a marca de Goiânia, ali em 32 dias, na média, um novo negócio consegue ser devidamente registrado. A notícia boa é que, se a comparação for feita com Porto Alegre, a última colocada nesse comparativo, e onde o empreendedor leva 245 dias para fazer os trâmites legais, até que Manaus está em posição razoável.
Dois outros pilares avaliados pela Endeavor devem ser vistos com preocupação: inovação e capital humano, onde a cidade ficou em 12ª posição. Ao se considerar que inovação depende de se ter pessoas capacitadas, dá para perceber que as duas atividades estão entrelaçadas e a solução passa por melhor formação da mão de obra, área na qual, já se sabe há tempos, o desempenho local deixa muito a desejar.