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A lição das mulheres: acabou o cabresto


Por Raimundo de Holanda

26/09/2016 23h35 — em
Bastidores da Política



O candidato que retorna à casa do eleitor quatro anos depois de uma eleição pode ter uma desagradável surpresa. Foi o que aconteceu com Antônio Carmo de Lima, o “Ceará do Santa Etelvina” (DEM), que chegou  a Câmara em 2014 depois que o então vereador Carlos Alberto (PRB), foi eleito deputado estadual. Com apenas 2;611 votos obtidos no pleito de 2012,  Ceará saiu do anonimato para se tornar vereador de Manaus. O incidente de ontem, que resultou em correria e tentativa de agressão de um assessor a um grupo de mulheres, que reagiu, pode ter sido a pá de cal no sonho do Ceará de se reeleger.

E o fim de uma certa arrogância: "dia 3 de outubro apenas eu estareu aqui", como se fosse ele o dono de um curral,proprietário da vontade do voto de uma comunidade pobre, mas não tão desinformada -  como o parlamentar imaginava. 

Acabou o cabresto. O eleitor quer mais do que palavras, quer o atestado de que compromissos assumidos em campanha foram cumpridos. As mulheres que enfrentaram Ceará e seu assessor  não reagiram apenas a uma tentativa de agressão. Elas praticaram um ato de cidadania. Que esse fato sirva de exemplo para os que tentam ou buscam se reeleger neste pleito.(RH)

VIOLÊNCIA POLÍTICA NO INTERIOR

A poucos dias da ida às urnas, o processo eleitoral se radicaliza de forma perigosa no interior do Estado, com um preocupante clima de insegurança rondando a batalha do próximo domingo em municípios como Manacapuru, Envira, Jutaí, Careiro Castanho, Nova Olinda do Norte, Santo Antônio do Içá e São Paulo de Olivença.

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Prefeitos   que tentam se reeleger a ferro e fogo, usam a Polícia para intimidar seus adversários. Várias coligações encaminharam denúncias às respectivas comarcas, buscando prevenir ocorrências violentas no dia 2.

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No último sábado, três cabos eleitorais foram feridos à faca em Alvarães. Uma mulher acabou morta e outra ferida, vítimas da violenta campanha eleitoral, enquanto em Nhamundá uma grande confusão resultou do confronto entre as coligações dos candidatos Israel Paulain (PMDB) e Nenê Machado (Pros), este pleiteando a reeleição. Um vereador, espancado, foi parar no hospital.

GREVE E ELEIÇÕES

Desesperados neste final de eleições, muitos candidatos dizem não entender por que o Ministério Público Eleitoral não se manifesta com uma solução urgente para a movimentação das contas de campanha. A greve dos bancários deixou todos em polvorosa.

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A Caixa Econômica Federal exige que cada conta seja operacionalizada a partir do depósito de R$ 1.500. Como as agências estão paradas, nenhuma conta pode ser movimentada.

COAÇÕES E FRAUDE

Números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral indicam em 229 mil a quantidade de eleitores que, até agora, realizaram doações para bancar candidatos de sua preferência nas atuais eleições municipais.

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A estatística é pequena, 0,16% do total de eleitores no País, e poderá ser revista se o TSE confirmar as suspeitas de fraude que atingem 28% dos contribuintes, incluindo políticos que doaram para eles mesmos.

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Existe, por exemplo, a suspeita de que números de CPFs de beneficiários do Bolsa Família estejam sendo utilizados para registrar doações de outras pessoas ou empresas. Cerca de 16 mil bolsistas aparecem como supostos financiadores de candidatos, ou 7,5% do total de doadores.

FALSA HONESTIDADE

O governo do PT e a falsa honestidade de Lula e Dilma começam a desmoronar definitivamente. A operação Lava Jato está fechando as investigações da Polícia Federal, atingindo o ‘coração financeiro’ dos dois governos e do esquema de corrupção que vitimou o país durante 13 anos. Trata-se de um ‘caminho lógico’, porém para percorrê-lo o MPF e o juiz Sérgio Moro precisam palmilhar cada metro sem deixar falhas nas investigações. E o que já era ‘vazado’ como suposição para a mídia agora são provas que estão levando à prisão dos chefes petistas.

 

 

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ASSUNTOS: candidatos, eleições 2016, Manaus, vereador ceará

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.