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Xi critica intervencionismo externo em recado aos Estados Unidos na ONU

Por Folha de São Paulo

21/09/2021 19h05 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em recado aos EUA, mas sem citar o país, o líder chinês, Xi Jinping, criticou o intervencionismo americano em outras nações em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, nesta terça (21).

O líder do regime comunista chinês usou, também sem dizer o nome do país, o exemplo da turbulenta retirada das tropas americanas do Afeganistão após 20 anos de ocupação militar.

"Episódios recentes no cenário internacional mostram, mais uma vez, que a intervenção militar estrangeira e a chamada 'transformação democrática' podem não trazer resultado nenhum além de dano", disse ele, referindo-se implicitamente ao retorno do Talibã ao poder no país.

Xi disse ainda que "democracia não é um direito especial reservado a um país".

Horas antes do discurso do líder chinês, o presidente dos EUA, Joe Biden, também havia feito uma série de críticas à China sem citar o nome do país, ao dizer, por exemplo, que vai se opor a "tentativas de países mais fortes de dominar outros mais fracos". Apesar de deixar clara a sua posição, Biden defendeu que todos os países trabalhem juntos para conter as mudanças climáticas e superar a pandemia da Covid-19.

Foi o mesmo tom do discurso de Xi, que defendeu que "diferenças e problemas entre países precisam ser superadas por diálogo e cooperação na base da igualdade e do respeito mútuo", ainda que tenha se referido de forma implícita várias vezes ao intervencionismo americano.

"A China nunca invadiu nem nunca vai invadir ou humilhar outro país ou tentar alcançar a hegemonia. A China constrói paz, contribui para o desenvolvimento global e defende a ordem internacional", disse.

Segundo o líder do gigante asiático, "o sucesso de um país não deve significar o fracasso de outro". "O mundo é grande o suficiente para acomodar o progresso de todos os países. Precisamos buscar o diálogo e a inclusão, não o confronto e a exclusão. Devemos construir um novo tipo de relações internacionais baseado no respeito mútuo, equidade, justiça e cooperação."

Em referência à parceria anunciada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido para armar a Austrália com submarinos nucleares, de modo a conter avanços regionais da China, Xi disse que é preciso "rejeitar a prática de formar pequenos círculos" e defendeu que a ONU seja "a plataforma central para países conjuntamente salvaguardar a segurança universal, compartilhar conquistas de desenvolvimento e traçar o curso para o futuro", disse.

Na abertura da sessão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia alertado para os problemas provocados, em suas palavras, por uma divisão global em dois sistemas, entre China e Estados Unidos.

Xi dirigiu boa parte de seu discurso aos países emergentes e prometeu doar 100 milhões de doses de vacina contra a Covid além das 100 milhões já anunciadas pelo consórcio Covax Facility. Também prometeu doar US$ 3 bilhões para promover a recuperação de países pobres muito afetados pela doença.

O dirigente chinês propôs ainda a criação de um fórum com objetivos globais pelo desenvolvimento, para acelerar a implementação da agenda 2030 da ONU, que estabelece metas que os países devem alcançar para atingir o desenvolvimento sustentável.

Assim como Biden, Xi dedicou parte de seu discurso às mudanças climáticas e reafirmou o compromisso de alcançar a neutralidade de carbono até 2060.

Ele afirmou ainda que o país não vai financiar projetos mundo afora que usem energias baseadas em carvão, no que foi visto como um anúncio importante, porque a China vinha sofrendo pressão internacional para tomar a medida, sobretudo depois que Coreia do Sul e Japão anunciaram decisões parecidas neste ano. Xi não disse nada, porém, sobre as plantas de carvão domésticas. A China é o maior produtor de carvão do mundo, e a queima do combustível é um dos principais fatores que provocam as mudanças climáticas.

O líder asiático não viajou a Nova York para participar do evento, como fez Bolsonaro, e mandou seu discurso gravado por vídeo. O país trabalha com uma estratégia de tolerância zero com a Covid e isola regiões inteiras ao identificar casos de contaminação pela doença.


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