Washington decidirá se deseja que distrito federal se torne o 51º estado
Os eleitores da capital americana vão às urnas em 8 de novembro não apenas para escolher seu morador mais ilustre — que ocupará a Casa Branca — mas para decidir algo que pode mudar a vida de todos os demais locais: transformar o Distrito de Colúmbia (DC), onde está a cidade de Washington, no 51º estado do país, que seria chamado de Nova Colúmbia. O objetivo do movimento é fazer com que os 672 mil moradores do DC tenham os mesmos direitos que a população dos outros 50 estados: eleição de dois senadores e um deputado (devido à sua pequena população), autonomia para fazer suas leis e definir seu Orçamento, hoje regido pelo Congresso. Atualmente a população local só vota, em nível federal, para presidente.
Se a proposta vingar, a Nova Colúmbia nascerá como terceiro estado menos populoso, à frente de Wyoming e Vermont. Mas seria o 21º maior Orçamento o país, graças à estrutura do governo federal e à movimentação financeira de órgãos como o FMI, OEA e o Banco Mundial, sediados na capital.
— Somos a última região administrativa do mundo sem representação. Londres, Paris, Brasília e Cidade do México já garantiram suas vozes — alegou Ralph Nader, ex-candidato presidencial pelo Partido Verde, num evento pró-emancipação ontem.
No entanto, acabar com essa situação — que faz com que na placa dos carros locais exista a inscrição “taxation without representation” (tributação sem representação) — não é simples. A luta já dura décadas. Mas Bo Shuff, diretor da ONG DC Vote, acredita que o momento, com mudança de governos, é propício:
— Uma votação forte nos dará condições de negociar com o Congresso, que precisa aprovar o pedido — disse.
Especialistas afirmam que a situação não seria tão simples. Gary Nordlinger, da George Washington University, vê riscos partidários:
— DC é uma das regiões mais progressistas do país. Sua emancipação significaria mais duas vagas no Senado e uma na Câmara dos Representantes para os democratas, algo rejeitado pelos republicanos — ponderou.
Para ele, a Nova Colúmbia deveria ter áreas da Virgínia que faziam parte do DC, mas foram devolvidas ao estado em 1847. Juntos, trariam mais 370 mil habitantes ao novo estado com uma população mais diversa, garantindo menos rejeição aos conservadores. Assim, o Pentágono e o Aeroporto Ronald Reagan, o principal de Washington, estariam no mesmo estado. Mas essa ampliação, além de não constar da proposta emancipatória, geraria polêmica com a Virgínia, que perderia arrecadação. Assim, mesmo com o plebiscito, qualquer previsão para a Nova Colúmbia ainda é prematura.
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