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Trump culpa 'retórica inflamada' de Kamala e Biden por novo ataque

Por Folha de São Paulo

16/09/2024 14h30 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Donald Trump culpou o que chamou de "linguagem inflamada" de Joe Biden e Kamala Harris pela nova aparente tentativa de assassinato sofrida no domingo (15), enquanto jogava golfe na Flórida.

"Ele acreditou na retórica de Biden e Harris, e agiu com base nisso", disse o republicano durante entrevista à Fox News na manhã desta segunda (16). "A retórica deles está fazendo com que atirem em mim, quando sou eu quem vai salvar o país, e eles são os que estão destruindo o país, tanto de dentro quanto de fora."

Em campanha para continuar na Casa Branca, os democratas acusam Trump de ser uma ameaça à democracia americana e às liberdades individuais. "Eles são a verdadeira ameaça", disse o candidato nesta segunda.

O discurso é o mesmo adotado pelo empresário após a tentativa de assassinato sofrida em 13 de julho, durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Na época, Trump já havia culpado a retórica democrata pelo ataque.

A investigação, no entanto, não identificou ainda qual foi a motivação do atirador, Thomas Crooks, 20, para atirar contra o ex-presidente, que foi atingido por um tiro de raspão na orelha. Crooks foi morto por um sniper do Serviço Secreto. O FBI tampouco identificou se ele teria alguma ideologia.

Já o suspeito pelo aparente ataque neste domingo, Ryan Wesley Routh, 58, indiciado por dois crimes relacionados à posse de arma nesta segunda (16), tem uma ativa e contraditória atuação política.

Em seu perfil no X, ele disse ter votado em Trump em 2016 e em Biden em 2020, e vinha fazendo diversas críticas ao empresário. Na corrida republicana, ele defendeu uma chapa republicana formada por Vivek Ramaswamy e Nikki Haley. A conta foi removida. Ele também fez doações a uma organização que apoia candidatos democratas.

A principal bandeira de Routh vinha sendo a Guerra na Ucrânia. Ele chegou a ir ao país para tentar lutar contra a Rússia, e apareceu em ao menos duas reportagens publicadas na imprensa americana no ano passado sobre o assunto.

O repórter do New York Times que o entrevistou afirmou que as declarações de Routh "pareceram ridículas" —o homem falou sobre planos mirabolantes para recrutar ex-soldados afegãos para lutarem em defesa da Ucrânia. Trabalhador do setor de construção civil, Routh não tem experiência militar.

Trump tem afirmado durante a sua campanha que vai acabar com o conflito no Leste Europeu mesmo antes de ser eleito, alardeando uma suposta boa relação com o líder russo, Vladimir Putin, e o ucraniano Volodimir Zelenski.

No entanto, há um forte temor entre europeus de que, se eleito, o republicano reduza o apoio americano a Kiev ou pressione por um acordo de paz que implique em perda de território ucraniano. Questionado no debate na última terça (10) se quer que a Ucrânia vença, Trump não respondeu.

Routh também tem uma longa ficha criminal. Em 2002, ele foi condenado por posse de uma arma de destruição em massa. O suspeito ainda foi acusado de uma variedade de outras infrações ao longo dos anos, como tributários e cheques sem fundos.


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