Socialite acusada de ser mimada na prisão: quem é a ex de Epstein
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Emails trocados entre Jeffrey Epstein e sua ex-parceira e sócia, Ghislaine Maxwell, sugerem que o presidente dos EUA, Donald Trump, sabia de sua conduta e abusos cometidos. Maxwell foi figura central em todo o esquema, trabalhando como "pessoa de confiança" de Epstein, segundo as investigações.
QUEM É GHISLAINE MAXWELL
Ghislaine Maxwell, 64, nasceu na França, mas cresceu no Reino Unido. Ela é a filha mais nova do magnata da imprensa Robert Maxwell, dono do grupo Mirror, e de Elisabeth Maxwell, pesquisadora e ativista pelos direitos humanos.
Sua infância foi marcada por luxo e acesso à elite britânica, mas também por tragédias familiares. Um de seus irmãos morreu em um acidente de carro quando ela tinha apenas 3 anos. Educada em escolas de prestígio, ela se formou em história moderna e línguas modernas na Universidade de Oxford.
Durante os anos 1980, Ghislaine tornou-se uma figura conhecida na alta sociedade londrina. Era presença constante em eventos sociais, clubes exclusivos e no círculo próximo da família real britânica. Trabalhou brevemente em empresas do império do pai, o que a aproximou ainda mais dos negócios e do poder.
Em 1991, no entanto, sua vida mudou drasticamente. Robert Maxwell morreu em circunstâncias misteriosas, caindo de seu iate (que ele havia batizado de Lady Ghislaine), e investigações posteriores revelaram um enorme desfalque financeiro em suas empresas.
Após a morte do pai e o colapso do império familiar, Ghislaine se mudou para Nova York. Lá, recomeçou a vida em meio à elite de Manhattan, frequentando eventos de caridade e festas da alta sociedade. Foi nesse ambiente que conheceu Jeffrey Epstein, que circulava entre bilionários, políticos e celebridades.
O envolvimento entre Maxwell e Epstein tinha várias camadas. O relacionamento misturava aspectos românticos, profissionais e, mais tarde, criminosos, uma vez que ela passou a atuar como assistente e "pessoa de confiança" de Epstein, ajudando a administrar suas propriedades e contatos.
Ghislaine era figura central no esquema de tráfico sexual de menores de Epstein. Segundo os promotores, ela era responsável por recrutar, aliciar e encaminhar meninas menores de idade para abusos sexuais em diversas localidades, incluindo casas de Epstein em Nova York, na Flórida e nas Ilhas Virgens Americanas.
MIMADA NA CADEIA
Em junho de 2022, Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão nos Estados Unidos. Na audiência final em um tribunal de Manhattan, ela admitiu "o terrível dano" que causou "a muitas mulheres". "É difícil de ouvir e ainda mais difícil de assumir. Sinto por toda a dor que passaram", declarou.
Ghislaine cumpre a sentença em uma prisão federal no Texas. Na última segunda-feira (10), o deputado democrata Jamie Raskin afirmou ter recebido uma denúncia de que Maxwell estaria sendo "mimada" com tratamento especial na prisão e preparando um pedido de redução de pena.
Delação aponta que as refeições de Maxwell são personalizadas e entregues diretamente a ela. Maxwell também teria recebido privilégios incomuns, como visitas com uso de computadores e envio de documentos e emails por intermédio da direção da prisão.
ENTENDA O CASO JEFFREY EPSTEIN
Epstein foi preso pela primeira vez em 2008, quando foi sentenciado a 13 meses de prisão. Na época, os pais de uma menina de 14 anos denunciaram à polícia que o empresário havia abusado sexualmente da garota em sua mansão. Outras possíveis vítimas foram descobertas e foram encontradas fotos de meninas na casa dele.
Jeffrey se livrou de pegar prisão perpétua. O bilionário fechou um polêmico acordo que o livrou de ficar encarcerado pelo resto da vida e fez com que ele fosse registrado na lista federal de criminosos sexuais. Enquanto preso, podia sair para trabalhar seis dias por semana.
Ele voltou a ser preso em 2019 acusado de tráfico sexual. Jeffrey foi acusado de traficar dezenas de meninas, de explorá-las e abusá-las sexualmente. Desse caso, o bilionário se declarou inocente e sempre negou as acusações. Após um mês na cadeia, ele foi encontrado na cela e foi declarado morto aos 66 anos. A causa da morte foi suicídio.
Trechos de documentos do caso Epstein foram divulgados na imprensa e revelaram que famosos e políticos participaram das polêmicas festas do empresário. Personalidades como Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Bruce Willis, Kevin Spacey, George Lucas e Naomi Campbell foram citados, mas nenhum deles foi acusado de praticar algum crime.
Políticos como o ex-presidente Bill Clinton e o atual mandatário dos EUA, Donald Trump, também são citados em documentos. Os dois, porém, não receberam acusações formais de crime algum.
Membro da realeza britânica, o príncipe Andrew já respondeu a processo de abuso sexual relacionado ao caso Epstein. O príncipe foi acusado de manter relações sexuais com uma menor por intermédio do empresário em uma "orgia com várias menores de idade". Na época, o Palácio de Buckingham destituiu Andrew de seus deveres militares e de seu título real.
Escândalo sexual de Epstein foi narrado na série documental "Sobrevivendo a Jeffrey Epstein". A produção conta detalhes do caso e mostra como o bilionário usou de sua fortuna, poder e relação com poderosos dos EUA para se escapar por tanto tempo da Justiça.
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