Secretário de Estado dos EUA visita Haiti em meio a tensão com gangues
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou ao Haiti nesta quinta-feira (5) em uma demonstração de apoio americano aos esforços internacionais para livrar a nação das garras de gangues violentas tirânicas.
Blinken aterrissou na capital, Porto Príncipe, onde planejava inspecionar o trabalho de uma força de segurança liderada pelo Quênia, apoiada pelas Nações Unidas. Sua missão é apoiar a polícia haitiana no combate às gangues, que submeteram grandes áreas do país caribenho a um regime brutal, mantido por meio de tortura, estupro e assassinato.
Ofuscado pelas crises no Oriente Médio e na Europa, o colapso do Haiti sob o poder das gangues está entre os problemas mais intratáveis enfrentados pelo governo Joe Biden e pela comunidade internacional.
Os esforços para melhorar a vida da população haitiana, em grande parte empobrecida, de aproximadamente 11 milhões de pessoas, foram complicados por intervenções passadas. Esses fracassos, bem como o legado do colonialismo, ajudam a explicar por que os EUA têm desempenhado um papel de apoio por trás do envio de policiais do Quênia.
As autoridades dos EUA disseram que Blinken -o primeiro secretário de Estado americano a visitar o Haiti em quase uma década-- avaliaria a situação da missão de segurança, que até agora pouco fez para desalojar o poder de gangues bem armadas que se espalharam pelo país, bloqueando estradas, esvaziando prisões e atacando delegacias de polícia.
Apesar do pequeno número de policiais quenianos no país, o Haiti está muito mais estável do que há alguns meses, disse Brian Nichols, chefe da diplomacia americana para a América Latina.
"Percorremos um longo caminho desde aqueles momentos muito sombrios", disse Nichols. "Estamos vendo o avanço na área de segurança que há muito esperávamos". Ele disse que as forças quenianas têm conduzido operações conjuntas com a polícia nacional do Haiti, "perseguindo as gangues e seus líderes de uma forma que não acontecia há anos".
Mas Nichols usou um tom ameaçador, alertando que o progresso poderia ser revertido se não houver mais apoio externo. "Precisamos que o restante da comunidade internacional dê um passo à frente com contribuições financeiras muito mais significativas para que a força possa continuar a operar", disse ele.
Newsletter Lá Fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** Alguns analistas afirmam que o destacamento liderado pelo Quênia, que é autorizado, mas não financiado pelas Nações Unidas, deve ser substituído por uma força de paz tradicional da ONU --apesar da raiva persistente em relação às forças de paz anteriores da ONU, que estupraram mulheres e meninas e introduziram a cólera no país.
Embora a segurança seja essencial para restaurar a estabilidade do país, autoridades e analistas dizem que qualquer sucesso de longo prazo dependerá de uma transição bem-sucedida de volta ao regime democrático. Isso aconteceria após anos de turbulência, depois que seu presidente, Jovenel Moïse, foi assassinado em seu quarto em julho de 2021. O país é nominalmente governado por seu primeiro-ministro, Garry Conille, um ex-funcionário da ONU que foi nomeado em maio e com quem Blinken também se reuniu.
Um conselho de transição estabelecido este ano está preparando o caminho para as eleições nacionais para a escolha de um novo presidente. No entanto, esse processo tem sido marcado por atrasos e brigas internas, e três membros do conselho estão sendo investigados pela agência anticorrupção do país sobre a distribuição de empregos no governo para membros de sua coalizão de outros grupos políticos e econômicos.
Blinken se reuniu nesta quinta-feira com o líder do conselho de transição, Edgard Leblanc Fils. O secretário afirmou que a conversa girou em torno de um conselho eleitoral que deve ser estabelecido para a realização das eleições no país caribenho. "Esperamos ver isso em breve, porque esse é um próximo passo crítico para seguir em frente e organizar eleições para o ano que vem", afirmou.
Durante a conversa, Blinken ainda reafirmou o apoio dos Estados Unidos para o combate das gangues e recuperação dos territórios invadidos. "A segurança é a base de tudo o que precisa acontecer daqui para frente", disse o secretário, observando novamente que isso incluía a realização de eleições.
Depois de passar pelo Haiti, Blinken visitará a vizinha República Dominicana, segundo autoridades do Departamento de Estado. A República Dominicana tem vivido uma história de sucesso político e econômico em contraste com seu vizinho e, ao contrário do Haiti, é segura o suficiente para que o secretário de Estado passe a noite.
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