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Rússia fecha parte do mar Negro para navios de guerra estrangeiros

Por Folha de São Paulo

16/04/2021 19h05 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em mais um movimento na sua disputa com a Ucrânia sobre o destino das áreas habitadas por russos étnicos no leste do país, Moscou decidiu fechar parte do mar Negro para navios de guerra estrangeiros.

O anúncio foi feito nesta sexta (16), após a Marinha ucraniana alertar que barcos russos estavam tomando posições próximo à ponte da Crimeia, a gigantesca estrutura que Vladimir Putin construiu para ligar a península anexada em 2014 a seu país.

Na sua margem leste, a Crimeia é banhada pelo mar de Azov, um trecho do mar Negro que no chamado estreito de Kerch tem a ponte de 19 km como estrela.

"Das 21h do dia 24 de abril às 21h de 31 de outubro, a passagem de navios estrangeiros militares ou estatais estará suspensa", disse o Ministério da Defesa russo.

É receita para confusão. Além da Crimeia e da Rússia mais a leste, o mar banha um trecho considerável de costa ucraniana, com portos centrais para a exportação de aço e cereais do país. Kiev teme que esses navios acabem afetados pelas medidas.

As restrições ocorrerão também em outros pontos em torno da Crimeia, como na cidade de Sebastopol, que já sediava a Frota do Mar Negro russa antes mesmo da anexação, por meio de um acordo.

Com isso, quer delimitar também a movimentação de navios da Otan (aliança militar ocidental), que fazem exercícios frequentes na região em apoio aos ucranianos e em coordenação com os turcos, que controlam a ligação do mar Negro com o Mediterrâneo.

A Otan afirmou em nota que está "preocupada" com as medidas. Para o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, a decisão "usurpa a soberania" do país e viola leis internacionais sobre trânsito marítimo.

Confusões são velhas conhecidas naquela região. Em 2018, a Rússia apreendeu três navios militares ucranianos no mar de Azov, e um barco russo foi abordado no ano seguinte.

Mas a medida agora vem no contexto da disputa pelo Donbass, área que vive um instável cessar-fogo na sua guerra civil iniciada em 2014, após Putin anexar a Crimeia para impedir que o governo pró-Ocidente que derrubou o pró-Moscou em Kiev conseguisse ser absorvido pela Otan.

Após a Ucrânia reforçar suas posições em torno dos bolsões rebeldes, os russos concentraram mais de 80 mil soldados nas fronteiras com o vizinho e na Crimeia. A tensão gerou uma escalada retórica com o Ocidente e uma série de exercícios militares provocadores de lado a lado.

Na quinta, dois dias depois de sugerir por telefone a Putin uma reunião de cúpula, o presidente americano, Joe Biden, determinou as mais duras sanções contra a Rússia desde 2018.

Elas incluem, além da expulsão de diplomatas acusados de espionagem, medidas econômicas para restringir negociações com títulos do governo russo. Na prática, são em sua maioria contornáveis. A retaliação russa começou nesta sexta.

Enquanto isso, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, foi a Paris pedir apoio ao seu colega Emmanuel Macron.

Tanto o francês quanto a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, foram exortados por Peskov a convencer o ucraniano a buscar uma saída diplomática para a disputa. Alemanha e França têm diversos negócios energéticos com os russos e têm buscado apoiar a introdução da vacina russa Sputnik V no continente.

Na guerra de versões, Putin quer impingir a Zelenski a pecha de ter começado a crise. E busca a implantação dos Acordos de Minsk, que em sua segunda versão de 2015 devolvem as áreas rebeldes para Kiev, mas as mantêm autônomas, garantindo a separação do Ocidente desejada por Putin.

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