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Protestos antirracismo retomam força nos EUA após decisão da Justiça no caso Breonna Taylor

Por Folha de São Paulo

24/09/2020 9h35 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades dos Estados Unidos na noite de quarta-feira (23) protestar contra a decisão da Justiça de processar somente um dos três policiais envolvidos na morte de Breonna Taylor.

Multidões de diferentes tamanhos se reuniram em Nova York, Washington, Atlanta, Chicago e Portland. Nessa última, manifestantes atacaram um prédio da polícia e foram dispersados com bombas de gás.

Em Louisville, Kentucky, cidade de Breonna, milhares de pessoas foram às ruas e dois policiais foram baleados em meio aos atos

Enfermeira negra, Breonna foi morta no corredor de seu apartamento durante uma operação policial de combate ao tráfico de drogas. O caso ocorreu em 13 de março, e sua morte gerou protestos nas ruas desde então.

Uma decisão do juri, anunciada na quarta (23), definiu que os três policiais que atuaram naquela operação não serão processados pela morte. Um deles, Brett Hankison, foi indiciado pela acusação de expor os cidadãos a risco injustificado, pois atirou contra uma janela e uma porta que estavam fechadas. Ele foi demitido.

A decisão revoltou ativistas antirracismo, que consideram o caso de Taylor um símbolo da luta pelo fim da violência policial e exigem punições duras aos responsáveis por sua morte.

Após o anúncio, manifestantes foram às ruas em Louisville, cidade de 600 mil habitantes. Forças policiais foram mobilizadas, e houve prisões durante a tarde.

Ainda que os atos tenham sido, em sua maioria, pacíficos, no bairro de Highlands, no limite do centro da cidade, vários ativistas jogaram garrafas de água em policiais, que revidaram com bombas de gás. Seguiram-se brigas, e algumas vitrines de lojas foram quebradas.

O município decretou estado de emergência e toque de recolher a partir das 21h. Em meio aos atos, dois guardas foram feridos à bala, mas não correm risco de morte, segundo o chefe da polícia local. Um suspeito de efetuar os disparos foi preso.

Entenda o caso Breonna, 26, foi baleada cinco vezes no corredor de seu apartamento por policiais que executavam um mandado de busca em uma investigação relacionada a tráfico de drogas.

Os policiais que arrombaram a porta de Breonna logo após a meia-noite de 13 de março tinham um mandado de busca e apreensão. Eles tinham aval da Justiça para entrar no local sem aviso prévio.

O mandado fazia parte de um caso que envolve o ex-namorado da jovem, Jamarcus Glover, acusado de comandar uma rede de tráfico de drogas. Em outros endereços revistados, policiais encontraram uma mesa coberta de drogas embaladas para venda, incluindo um saco contendo cocaína e fentanil.

A investigação que levou os policiais à casa de Breonna incluiu um rastreador GPS, que apontou repetidas idas de Glover ao apartamento dela; fotos dele saindo do apartamento com um pacote nas mãos; filmagem mostrando Breonna em um carro com Glover chegando a uma das "bocas" que ele operava; e o uso do endereço dela em registros bancários e outros documentos.

Na noite da operação, Breonna estava no apartamento com seu namorado, Kenneth Walker. Ele disse que os dois não sabiam quem estava à porta. Apenas um vizinho, entre quase uma dúzia, relatou ter ouvido os policiais gritarem "polícia" antes de entrar.

Como os policiais não atiraram primeiro -foi o namorado de Breonna que abriu fogo; ele disse que confundiu a polícia com intrusos-, juristas achavam improvável que os oficiais fossem indiciados.

Dois oficiais, o sargento Jon Mattingly e o detetive Myles Cosgrove, reagiram aos tiros na direção do namorado de Breonna, de acordo com documentos internos. Ela foi morta com cinco tiros.

No caos que se seguiu, o agente Mattingly foi baleado, com ferimento na artéria femoral, e os outros se esforçaram para arrastá-lo para fora do apartamento e aplicar um torniquete em sua perna.

O nome e a imagem de Breonna se tornaram parte de um movimento nacional contra a injustiça racial, com celebridades escrevendo cartas abertas e erguendo outdoors exigindo que os policiais brancos sejam acusados criminalmente por sua morte.

A mãe de Breonna processou a prefeitura de Louisville por homicídio culposo e recebeu US$ 12 milhões (R$ 63 milhões) em um acordo fechado na semana passada.

Ela e seus advogados, no entanto, insistiram que só aceitariam acusações de homicídio contra os três policiais, demanda aprovada por milhares de manifestantes em Kentucky e em todo o país.

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