Projeto de bem-estar animal provoca racha em coalizão governista na Polônia
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - A divergência sobre um projeto de bem-estar animal fraturou a coalizão partidária de direita que governa a Polônia, na noite desta quinta (17) . Capitaneado pelo ultraconservador ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, o partido Polônia Unida votou contra um projeto proposto pelo mais poderoso político do país, o ex-ministro Jaroslaw Kaczynski, líder do partido governista Lei e Justiça (PiS), conservador de direita. A proposta de Kaczynski, que é conhecido por seu amor aos gatos (ele vive com três, e um quarto morreu recentemente), proíbe criar animais para a obtenção de pele e limita alguns tipos de abate. Foi aprovada com apoio da oposição, mas o racha na coalizão Direita Unida pode levar a um governo de minoria ou à antecipação das eleições de 2023. Ambas as situações ameaçam o poder do partido no sistema parlamentarista da Polônia. Sem a maioria dos assentos na Assembleia, o governo pode ser derrubado com uma moção de desconfiança, o que levaria a eleições antecipadas. O PiS tem 197 dos 460 deputados e governava com os 19 do Polônia Unida, 18 do Acordo e 1 do Partido Republicano em uma coalizão que agora é "praticamente inexistente", segundo o líder do partido PiS no Parlamento, Ryszard Terlecki. "Nossos ex-parceiros da coalizão devem limpar suas mesas", disse a uma emissora de rádio o vice-líder, Marek Suski. O partido deve tomar uma decisão final na segunda (21). A divergência sobre bem-estar animal é a ponta de um iceberg de disputas políticas que incluem a briga pela sucessão de Kaczynski como líder da direita polonesa. Ziobro, o ultraconservador que foi expulso do PiS em 2011, entrou em rota de colizão com Kaczynski ao pressionar por políticas radicais, como retirar a Polônia da Convenção de Istambul sobre a prevenção da violência contra as mulheres. Segundo analistas, o ministro da Justiça quer ser aceito de volta no PiS, para poder postular a liderança. O candidato favorito de Kaczynski, porém, é o atual primeiro-ministro, o moderado Mateusz Morawiecki. A situação piorou nesta semana, quando Kaczynski avançou na discussão de uma reforma ministerial que corta pela metade os cargos da Polônia Unida e do Acordo. Deputados dos dois partidos defenderam o voto contra dizendo que o projeto prejudicaria fazendeiros, que são a base de sustentação da coalizão governista no interior do país. Também votaram contra o projeto 17 deputados do PiS, que podem ser suspensos ou expulsos. Segundo a imprensa polonesa, o país é o terceiro maior produtor mundial de peles, depois da China e da Dinamarca, e um dos maiores exportadores europeus de carne obtida por abates que seguem regras religiosas islâmicas (halal) ou judaicas (kosher), que serão limitadas pela lei. A medida ainda precisa de aprovação do Senado, onde a coalizão governista já não era majoritária. O PiS tem 44 dos 100 senadores.
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