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Presidente da Colômbia vai a Cali após indígenas serem baleados em protesto

Por Folha de São Paulo

10/05/2021 18h34 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse que questões abordadas por manifestantes serão incluídas nos debates nacionais que visam encontrar saídas para quase duas semanas de protestos antigoverno. Ele deu as declarações ao fazer uma visita breve a Cali, palco de cenas de violência no final de semana.

"Sabemos que precisamos priorizar uma série de intervenções necessárias para gerar esperança e um futuro para os jovens", disse Duque, listando a educação gratuita nas universidades públicas, a participação política e o empreendedorismo como temas a serem debatidos. Nesta segunda, ele também se reuniu com líderes grevistas em Bogotá.

Embora Duque tenha insistido inicialmente que não iria a Cali, que se tornou um epicentro dos protestos, ele fez uma visita depois que houve confrontos violentos. Pelo menos nove indígenas do sudoeste da Colômbia foram baleados no domingo (9), em um protesto em Cali. A caravana foi atacada por policiais e civis armados, denunciou o Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), em um comunicado.

Em uma nota à imprensa, a polícia assegurou que os agentes estavam na região atendendo "ao pedido de auxílio da comunidade (...) que estava sendo atacada por um grupo de indígenas". O texto disse ainda que os nativos haviam ferido quatro pessoas com objetos cortantes, além de incinerar e vandalizar vários veículos.

Em um comunicado, Duque pediu aos indígenas que voltassem para o estado de onde vieram e ordenou ao seu ministro da Defesa, Diego Molano, que reforçasse a segurança na cidade.

As manifestações começaram em 28 de abril, atiçadas pela revolta contra uma reforma tributária para aumentar os impostos sobre vendas. A proposta foi descartada, mas agora as exigências dos manifestantes incluem uma renda básica de US$ 250 (R$ 1.300) aos mais pobres, a retirada de uma reforma de saúde e o fim da fumigação aérea com glifosato nas plantações de drogas.

Os atos têm sido reprimidos com violência. Em Bogotá e Cali, por exemplo, o Exército passou a patrulhar as ruas. O presidente enfrenta a pressão de protestos convocados por sindicatos, transportadores e indígenas, entre outros setores, que exigem uma mudança de rumo em seu governo e a desmilitarização de campos e cidades. Uma das principais demandas dos manifestantes é a dissolução do temido esquadrão da polícia de choque Esmad, sigla para Esquadrão Móvil Antidistúrbios, que Duque descartou.

A tensão na Colômbia gerou manifestações da ONU, da União Europeia, dos EUA e de ONGs de direitos humanos, que denunciaram o uso desproporcional de força pela polícia para controlar os protestos.

O ouvidor de direitos humanos do país relatou 26 mortes desde que os protestos começaram, mas disse que sete não têm relação com as marchas propriamente ditas. A entidade Human Rights Watch disse ter relatos de 38 óbitos, e o grupo de direitos humanos Temblores e o instituto Indepaz relataram 47 assassinatos, a maioria cometida pela polícia.


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