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Pequim reage a sanções dos EUA e anuncia medida semelhante contra 11 americanos

Por Folha de São Paulo

10/08/2020 11h04 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em resposta às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos a 11 dirigentes de Hong Kong, a China impôs medidas semelhantes contra 11 cidadãos americanos nesta segunda-feira (10).

Classificando a decisão de Washington como um "comportamento incorreto", o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou durante entrevista coletiva que os 11 americanos alvos das sanções agiram mal em assuntos relacionados a Hong Kong.

Entre os alvos estão os senadores Ted Cruz, Marco Rubio, Tom Cotton, Josh Hawley e Pat Toomey e o deputado Chris Smith, todos do Partido Republicano, o mesmo do presidente dos EUA, Donald Trump.

Membros de entidades de direitos humanos também sofreram sanções, como Kenneth Roth, diretor da ONG Human Rights Watch.

O regime chinês não deu detalhes sobre as implicações da decisão desta segunda-feira. Já as sanções feitas pelos EUA na sexta-feira (7) congelam qualquer patrimônio dos alvos asiáticos no país e impedem americanos de fazer negócios com eles.

A medida de Washington atingiu a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, o chefe da polícia local, Chris Tang, seu predecessor, Stephen Lo, o secretário de Segurança do território, John Lee Ka-chiu, e a secretária de Justiça, Teresa Cheng, entre outros nomes.

Hong Kong tem sido alvo de atenção internacional desde a promulgação, em junho, da nova lei de segurança nacional.

As novas regras permitem a repressão de quatro tipos de crime contra o Estado: subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com sentenças que podem chegar a prisão perpétua.

Pequim nega as acusações que tem recebido da comunidade internacional. Ativistas pró-democracia denunciam, entretanto, interferência do governo central da China sobre Hong Kong.

Ex-colônia britânica, Hong Kong passou para o controle de Pequim em 1997, em um arranjo conhecido como "um país, dois sistemas". Na prática, isso significa que o território tem autonomia em diversas áreas -o que inclui mais liberdade política e um sistema judicial próprio- em relação ao restante da China.

Ativistas e países ocidentais, porém, afirmam que a nova lei de segurança ameaça exatamente essa autonomia.

Para os EUA, as relações com o território tornaram-se uma nova frente na Guerra Fria 2.0 contra o regime de Xi Jinping. O país encerrou a política de tratamento econômico especial à ex-colônia britânica e usa a situação de Hong Kong no discurso contra o país asiático no campo dos direitos humanos.

O território semiautônomo também tem sido palco de protestos de ativistas pró-democracia. Em resposta às tentativas de Pequim de reforçar o controle sobre a região, houve enormes atos que se estenderam por meses ao longo de 2019.

O regime chinês cedeu em algumas demandas, mas as manifestações passaram a incluir novas questões. Os protestos arrefeceram quando a pandemia de coronavírus começou, mas ganharam novo fôlego após a aprovação da nova legislação.

A pandemia também acirrou os ânimos entre China e EUA e, nesta segunda, representantes do governo americano voltaram a criticar as ações de Pequim em relação à Covid-19.

Em visita a Taiwan, o secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, elogiou "a natureza aberta, transparente, democrática da sociedade e da cultura" taiwanesas. A afirmação pode ser considerada uma provocação à China continental, que considera Taiwan uma província chinesa rebelde.

Pequim havia afirmado, dias atrás, que a visita do secretário é uma ameaça para a "paz e a estabilidade" da região. Azar, por sua vez, rebateu as críticas e adotou uma postura de oposição ao regime chinês.

"Taiwan soube desde o início que não deveria confiar nas afirmações procedentes de lá [Pequim] nem nas validações feitas pela Organização Mundial da Saúde", disse.

A comunidade internacional também tem ecoado as críticas à interferência da China continental em Hong Kong. França, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Alemanha romperam acordos de extradição com o território. A principal justificativa é a preocupação com a falta de independência do território em relação ao regime de Pequim.

A União Europeia também adotou um pacote de medidas em protesto contra a nova lei.

O bloco decidiu limitar a exportação de equipamentos e tecnologias que possam ser usados pela China para "repressão interna, interceptação de comunicações ou vigilância cibernética" e anunciou que não vai iniciar nenhuma nova negociação com Hong Kong.

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