Na reta final da campanha, Hillary cresce entre jovens
WASHINGTON - Na dianteira entre mulheres, negros, latinos e asiáticos, Hillary Clinton pode finalmente estar conseguindo chegar ao eleitorado jovem branco — um dos últimos grupos que ainda não lhe eram abertamente favoráveis. Até o mês passado, os americanos entre 18 e 35 anos se dividiam igualmente em 27% a 27% de apoio entre a democrata e seu rival republicano, Donald Trump, segundo uma sondagem da Gen Forward. Ontem, porém, uma nova pesquisa indicou que Hillary subiu para 35%, enquanto Trump caiu para 21% de apoio. Com isso, ela consolidou também ainda mais sua posição entre os jovens em geral, arrebatando 60% de apoio entre os que pretendem votar, ao passo que o magnata republicano conseguia apenas 19% nessa faixa etária.
Ainda assim, nenhum dos dois candidatos à Presidência dos EUA parece ainda ter empolgado os jovens — uma pesquisa da semana passada indicava que 53% dos americanos entre 18 e 35 anos prefeririam ver um meteoro gigante destruir a Terra a ter Donald Trump ou Hillary na Casa Branca. A liderança de Hillary pode ter mais a ver com a rejeição ao republicano: 77% dos entrevistados têm uma visão desfavorável do bilionário.
— Eu gostaria que houvesse outro candidato, alguém que eu pudesse apoiar 100% — disse Liane Golightly, uma educadora do Michigan, de 30 anos, que finalmente se decidiu por Hillary, explicando: — Apenas porque não posso suportar a infantilidade de Trump.
Como ela, muitos eleitores jovens estão indo para Hillary na reta final da campanha. O avanço neste eleitorado se deve ao maior apoio dos brancos, que revelaram uma visão mais favorável aos democratas em relação à eleição passada. As denúncias de sexismo do empresário parecem ter efeito negativo na imagem do republicano.
— Há uma área cinza em torno dela. Talvez ela não tenha infringido nenhuma lei, mas está sempre no limite, ao que parece — afirmou Galen Mosher, 30, técnico de iluminação do Oregon, que nas primárias votou pelo principal rival de Hillary, Bernie Sanders. — Pelo menos ela deu um passo em direção a algumas propostas de Sanders, no que diz respeito ao ensino superior gratuito e à taxação de impostos mais altos para os ricos.
E Hillary ou HRC, iniciais de seu nome completo, Hillary Rodham Clinton — como a candidata é chamada por jovens nas redes sociais nos EUA — tem recebido uma ajuda de peso nesta reta final da campanha. A partir de amanhã, estão planejados shows em cidades-chave e com músicos populares, dentro do programa denominado GOTV (sigla para “get out the vote”, ou saia para votar, em português). Em geral, são eventos com grande apelo aos jovens e em estados decisivos, onde a disputa está mais apertada.
Amanhã, Jon Bon Jovi faz seu primeiro show em Pittsburgh, na Pensilvânia. O cantor também fará uma apresentação na sexta, dia 5, em Tampa, na Flórida. O estado do Sul do país ainda receberá uma atração mais voltada para os latinos: Jennifer Lopez, em show gratuito em Miami, no sábado.
No dia 2 de novembro será a vez do The National, banda de indie-rock, se apresentar em Cincinnati, Ohio, e, no dia 5, a musa pop Katy Perry canta em um comício em Filadélfia, na Pensilvânia. A cantora, que tem 93,7 milhões de seguidores no Twitter, é uma das artistas mais engajadas na campanha da democrata, responsável pelo jingle de Hillary. Kate já havia se apresentado convenção do partido, em julho.
A sondagem da GenForward, realizada pelo projeto Juventude Negra da Universidade de Chicago, em parceria com a Associated Press e o Centro de Investigação de Assuntos Públicos, foi realizada entre grupos de diferentes raças e etnias.
A democrata continua mantendo uma vantagem consistente entre os jovens negros, asiáticos e hispânicos — a nova pesquisa revelou ainda que o entusiasmo aumentou mais entre os negros: 49% deles disseram que irão votar no próximo dia 8. O que muda, agora, é o desempenho da democrata entre os brancos que, na eleição passada, preferiram o republicano Mitt Romney a Barack Obama. A nova pesquisa ainda evidencia o aumento da motivação de votar entre os jovens. Mais de 50% dos brancos e quatro em cada 10 hispânicos e asiáticos jovens também confirmam a ida às urnas.
Consciente do peso dos latinos, Hillary e Trump estiveram ontem na Flórida, estado crucial na corrida pela Casa Branca. Hillary, que hoje fará comícios em Tampa e West Palm Beach, aparece com uma vantagem de 3,8 pontos percentuais no estado.
Já Trump, dono do complexo hoteleiro Mar-a-Lago, em Palm Beach — e que gosta de apresentar a Flórida como seu segundo lar — participou de dois eventos ontem, em Sanford, perto de Orlando, e na capital, Tallahassee:
— Acho que temos que ganhar na Flórida e acho que estamos ganhando muito — insistiu Trump, em entrevista a Fox News.
Com medo de perder o Senado, os republicanos agora devem investir US$ 25 milhões do fundo da liderança na disputa por sete cadeiras, recursos de um poderoso super-PAC vinculado ao líder da maioria, Mitch McConnell — o maior gasto será em Nevada, com US$ 7,5 milhões. Em uma entrevista ontem, Steven Law, presidente do fundo e aliado de McConnell, reconheceu que a legenda tem um caminho difícil para manter sua maioria.
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