Médico é apedrejado por familiares de vítima que morreu de covid-19
Manaus/AM - O médico argentino Daniel Gatica foi agredido a pedradas após dar a notícia da morte de um paciente que morreu vítima da covid-19, na cidade de Orán, no Oeste do país.
Os agressores são familiares da vítima que culpam o médico pelo óbito. Por conta do episódio, o profissional decidiu pedir demissão e escreveu uma espécie de carta aberta nas redes sociais explicando o motivo de sua saída do Hospital San Vicente de Paul.
Em um trecho do depoimento emocionante, Daniel escreveu: “Estou cansado de ter que escolher para quem dar um leito ou um tubo de oxigênio semivazio (…) Estou cansado de ter três mortes em uma tarde ou cinco em uma noite e saber que nunca há um leito na UTI, 12 dias de puro estresse, apenas dando más notícias".
Em outro trecho ele relata que chegou a dormir em pé de tão cansado, na maioria das vezes ainda usando o equipamento de proteção (EPI), depois de atender até 64 pacientes com a doença.
Orán é uma cidade com mais e 80 mil habitantes e desde que o coronavírus se espalhou pela Argentina, atende todas as cidades próximas e não tem estrutura para tal demanda. Os profissionais estão exaustos e sobrecarregados e a falta de equipamentos e medicamentos só agrava ainda mais a situação.
Isso fica nítido na atitude desesperada da população e no desabafo cheio pesar de Daniel. Em determinado ponto da carta ele diz: "Não aguento mais. Hoje digo basta, hoje sinto que fracassei” e assina a demissão.
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