María Corina publica manifesto com visão para Venezuela pós-Maduro
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A opositora da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado, publicou manifesto nesta terça-feira (18) em que expõe sua visão para o país após eventual queda de Maduro a aposta de María Corina em meio às pressões do governo de Donald Trump contra o regime.
Washington tem hoje mobilizada no Caribe uma frota que inclui o maior e mais poderoso porta-aviões do mundo para operações contra o narcotráfico. O ditador venezuelano é visto pela Casa Branca como líder de um cartel narcotraficante, o que deixa claro o recado político da mobilização militar. Apesar da pressão, Trump disse recentemente que poderia negociar com Maduro, sem detalhar o que isso significaria e o que estaria em jogo.
"Estamos no limiar de uma nova era", disse María Corina, em um vídeo publicado nas redes sociais. "O longo e violento abuso de poder deste regime está chegando ao fim".
"Voltaremos a erguer uma sociedade livre na qual o governo vai servir aos seus cidadãos, e o propósito supremo do Estado será salvaguardar os direitos naturais de todos os venezuelanos", acrescentou a opositora.
María Corina defende que a última eleição no país, em julho de 2024, foi fraudada por Maduro para que ele exercesse um terceiro mandato no país, que vive há anos grave crise humanitária e econômica. Os EUA, entre outros países, também não reconheceram o resultado divulgado pelo regime.
A opositora falou ainda em seu manifesto sobre "criar as condições para que floresça uma economia livre e competitiva" e sobre a expectativa de que a Venezuela se torne "pilar de segurança democrática e energética".
María Corina prometeu também defender o voto "com segurança e sem manipulação alguma" e a liberdade de expressão e reunião. A opositora, que no passado falou em garantias ao chavismo para que o grupo político deixe o poder, disse que "o regime criminoso deve prestar contas".
"Desde que Maduro assumiu o poder [em 2013], já são mais de 18 mil presos políticos que sofreram injustamente. Cada um deles é um testemunho da brutalidade do regime", afirmou. "A Venezuela só se levantará plenamente quando aqueles que cometeram crimes contra a humanidade forem julgados pela lei e pela história".
A opositora subscreve a denúncia de Washington de que Maduro lidera um cartel da droga, embora especialistas contestem essa acusação e o regime negue.
Desde o início da atual crise entre EUA e Venezuela, em agosto, a Casa Branca sob Trump tem feito pressão constante sobre o regime. Dezenas de embarcações e aeronaves, além de milhares de soldados, estão mobilizados no Caribe.
Não há, no entanto, certeza sobre que medidas Trump irá tomar. Há conversas e ameaças de invasão e bombardeios pontuais, e o próprio presidente já disse ter tomado uma decisão.
Até esta terça, porém, as ações americanas na região têm se limitado ao ataque a embarcações no Caribe e no oceano Pacífico. Washington afirma que os barcos são tripulados por traficantes transportando droga em direção aos EUA e que isso seria justificativa o bastante para explodi-los sem abordagem prévia.
O argumento de que o país vive um conflito armado com os cartéis de droga latino-americanos é contestado por especialistas do direito internacional, governos da região não alinhados a Washington e até por opositores americanos.
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