'Mão Morta': entenda o sistema russo que pode lançar mísseis sem comando
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na sexta-feira (1º) que enviou submarinos nucleares para uma região próxima da Rússia após uma ameaça envolvendo o sistema “Mão Morta”, uma arma automatizada de retaliação nuclear desenvolvida ainda na era soviética. A declaração foi feita após o ex-presidente russo Dimitri Medvedev, atual vice do Conselho de Segurança da Rússia, mencionar publicamente o dispositivo como resposta às pressões de Washington por um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia.
Conhecido também como Perimetr, o “Mão Morta” é um sistema criado nos anos 1970 para garantir que mísseis nucleares fossem lançados automaticamente caso os principais líderes russos fossem mortos em um ataque. A tecnologia utiliza sensores instalados em centros de comando que detectam bombardeios nucleares e, na ausência de resposta das autoridades, acionam lançadores espalhados pelo território russo. Por essa capacidade de agir sem interferência humana, o sistema é frequentemente descrito como uma “arma apocalíptica”.
Segundo especialistas, o Perimetr foi ativado em 1986, no auge da Guerra Fria, quando a União Soviética buscava mecanismos de dissuasão contra um possível ataque preventivo dos Estados Unidos. O jornal The New York Times descreveu o sistema, em 1993, como uma “máquina do juízo final”. Dados da inteligência americana divulgados em 2017 indicam que o dispositivo continua ativo e passou por atualizações tecnológicas.
A menção feita por Medvedev ao “Mão Morta” ocorreu após uma série de trocas de farpas com Trump ao longo da semana. Em tom ameaçador, o ex-presidente russo afirmou que o líder americano deveria “lembrar de como a lendária ‘Mão Morta’ pode ser perigosa”. Em resposta, Trump classificou Medvedev como alguém de “boca solta” e disse que o envio dos submarinos teve como objetivo garantir que “as palavras dele sejam apenas palavras”.
A possibilidade de ativação de um sistema que dispensa comando humano para lançar mísseis nucleares reacendeu temores sobre a estabilidade estratégica entre as duas maiores potências atômicas do mundo. Até o momento, o Kremlin não comentou oficialmente a movimentação militar dos Estados Unidos nem voltou a se pronunciar sobre o uso do Perimetr.
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