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Josephine Baker entra para o Panteão, hall dos heróis da França em Paris

Por Folha de São Paulo

30/11/2021 13h35 — em
Mundo



BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Uma artista americana que encantou Paris nos "anos loucos" do entre-guerras e lutou na resistência francesa contra os nazistas, Josephine Baker (1906 - 1975) entra para o Panteão de Paris na noite desta terça (30).

Com isso, ela se torna a primeira negra e a sexta mulher a receber a honra concedida pela Presidência da França a seus heróis nacionais ---como o filósofo Voltaire, a cientista Marie Curie, os escritores Victor Hugo, Émile Zola, Alexandre Dumas e Antoine de Saint-Exupéry, o economista Jean Monnet e a política Simone Veil.

Batizada Freda Josephine McDonald, a cantora e dançarina nasceu em Saint Louis (Missouri, EUA), naturalizou-se francesa em 1937 e "encarna o espírito francês" e "merece o reconhecimento da pátria", segundo a Presidência do país, ao anunciar a homenagem, em agosto deste ano.

O ingresso de Josephine Baker no hall de heróis franceses será simbólico: seus restos mortais ficarão em Mônaco, onde ela foi enterrada, em 1975.

O evento, que na tarde desta terça já dominava transmissões de TV na França, deverá ser conduzido pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O roteiro prevê que membros da Força Aérea francesa carreguem e depositem numa tumba um caixão com terra de quatro regiões em que ela viveu: sua cidade natal, Paris, o castelo no sul da França em que ela viveu e criou 12 filhos adotivos e Mônaco.

Em seu canal do YouTube, Macron publicou um vídeo com cenas da cantora, descrita na página oficial do governo como "artista apaixonada pela liberdade, soldado da resistência, ativista dos direitos civis, mãe de família e mulher comprometida com o racismo".

Foi para fugir da segregação americana que ela viajou à França nos anos 1920, onde se tornou estrela e desafiou costumes aos se apresentar praticamente nua ---um saiote de bananas artificiais é uma de suas marcas mais famosas.

"Aqui eles me consideram uma pessoa e eles não me olham como uma cor", disse a cantora sobre o país europeu, segundo o comitê que organiza a homenagem.

Também fez campanha pelos direitos civis ao lado do líder antirracismo americano Martin Luther King e foi a primeira mulher negra a estrelar uma grande produção cinematográfica: "La Sirène des Tropiques" (a sirene dos trópicos), lançado em 1927.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Josephine Baker atuava como espiã para a resistência francesa, transmitindo informações por meio de publicações musicais.

O pedido mais recente para que ela entrasse no Panteão foi feito pelo ensaísta Laurent Kupferman, também diretor do filme "Josephine Baker, um destino francês", que será lançado nesta noite. A homenagem havia sido pedida em outras ocasiões por ONGs, políticos e artistas.


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