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Ingrid Betancourt, que foi refém das Farc, anuncia candidatura à Presidência da Colômbia

Por Folha de São Paulo

18/01/2022 18h36 — em
Mundo



BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A política colombiana Ingrid Betancourt, que ficou conhecida por ser mantida refém ao longo de seis anos pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), anunciou nesta terça-feira (18) que é pré-candidata à Presidência de seu país. O pleito está marcado para o final de maio.

Betancourt ficou sob domínio dos então guerrilheiros de 2002 a 2008. A política estava em campanha presidencial quando foi sequestrada pelos rebeldes e levada para um cativeiro na floresta amazônica. Durante os seis anos como refém, ela chegou a ser amarrada, em diversas, ocasiões com correntes de metal a uma árvore para que não fugisse.

No período também teve que fazer vídeos com os rebeldes para provar que estava viva. Nas primeiras gravações, Betancourt pedia às autoridades que investigassem as circunstâncias que haviam levado a seu sequestro, mas depois começou a implorar ao governo para que retomasse as negociações de paz com os guerrilheiros. As filmagens circularam o mundo e a política se tornou símbolo de campanhas internacionais de paz na Colômbia.

Em 2008, uma operação militar com soldados disfarçados de trabalhadores humanitários conseguiu chegar ao cativeiro e resgatar reféns mantidos pela Farc, Betancourt entre eles. Segundo o governo colombiano, não houve troca de tiros durante a ação.

A paz entre as autoridades e os guerrilheiros só seria estabelecida oito anos depois, quando o então presidente colombiano Juan Manuel Santos, amparado por forte apoio internacional, conseguiu aprovar no Parlamento o acordo que fizera com as Farc, ainda que a população tenha votado contra a resolução. As negociações deram ao líder colombiano um Nobel da Paz.

Hoje, o grupo rebelde é formalmente um partido político --que a princípio manteve o acrônimo, mas mudou seu significado para Força Alternativa Revolucionária do Comum, antes de se rebatizar como Comunes. Pelo acordo de paz, o grupo recebeu dez cadeiras no Congresso depois que o pacto foi assinado.

Nesta terça, Betancourt anunciou que concorrerá à Presidência pelo Oxígeno Verde, mesma sigla de quando se candidatou há 20 anos e que hoje faz parte de uma coligação de forças de centro. Para isso, ela precisará passar por uma consulta eleitoral em março que reúne candidatos dos demais partidos da aliança e, se vencer, disputará o primeiro turno das eleições presidenciais em 29 de maio.

"Hoje estou aqui para terminar o que comecei com muitos de vocês em 2002. Com a convicção de que a Colômbia está pronta para mudar de rumo", disse a política, em entrevista coletiva. "Estou aqui para reivindicar os direitos de 51 milhões de colombianos que não estão encontrando justiça, porque vivemos em um sistema projetado para recompensar criminosos."

Betancourt pretende abraçar o combate à corrupção como um dos pilares de sua campanha. "Minha história é a história de todos os colombianos", disse. "Enquanto eu e meus colegas estávamos acorrentados pelo pescoço, as famílias colombianas eram acorrentadas pela corrupção, violência e injustiça."

A política também promete defender medidas sociais para atenuar a desigualdade social na Colômbia. No ano passado, milhares de manifestantes saíram às ruas, durante semanas, para exigir o fim do debate de uma reforma tributária vista como prejudicial por uma parcela da população, além de mais empregos, maior acesso à saúde e à educação e a implementação de uma renda básica mínima durante a pandemia.

Na disputa presidencial, porém, a líder dos verdes deve encontrar dificuldade para vencer políticos mais consagrados. Desde que foi libertada do cativeiro, ela se retirou da vida pública e foi para a França, onde viveu com a família até o ano passado.

Sua candidatura também terá início meses depois das de outros nomes, que já têm viajado pelo país para fazer campanha --notadamente o esquerdista Gustavo Petro, ex-prefeito de Bogotá, hoje está à frente nas pesquisas.


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