Indígenas pró-Evo bloqueiam estradas contra governo Arce na Bolívia
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Indígenas apoiadores do ex-presidente da Bolívia Evo Morales bloquearam uma rodovia próxima ao Lago Titicaca nesta segunda-feira (16) e anunciaram uma semana de protestos contra o governo do presidente Luis Arce, ex-aliado de Evo.
Os manifestantes bloquearam a estrada, que é administrada em conjunto pela Bolívia e pelo Peru, com pedras e terra em cinco pontos em direção ao lago, de acordo com um comunicado de La Paz. Não houve confrontos com a polícia.
David Mamani, um dos líderes indígenas responsáveis pelo protesto, disse a jornalistas que o movimento busca a renúncia de Luis Arce "por ser incapaz, incompetente, corrupto e por desviar nossos recursos econômicos".
Os manifestantes também pedem a convocação de novas eleições presidenciais o próximo pleito está marcado para agosto de 2025. Evo também convocou marchas até La Paz a favor de sua candidatura a reeleição a princípio, a lei o impede de concorrer novamente. Evo governou a Bolívia de 2006 a 2019, quando foi forçado a deixar o país pelos militares depois de vencer um quarto mandato.
Arce e Evo travam uma ferrenha disputa por controle do partido governista, o MAS (Movimento ao Socialismo), dominado pelo ex-presidente por muitos anos. Ex-ministro da Economia e escolhido a dedo por Evo para sucedê-lo e disputar as eleições de 2020, Arce se distanciou do seu padrinho político com a tentativa do ex-presidente de concorrer novamente ao cargo em 2025 como candidato do MAS.
Arce ainda não fez um anúncio formal, mas sua candidatura à reeleição já é dada como certa no meio político do país.
O racha entre os dois piorou depois da tentativa de golpe militar na Bolívia em junho deste ano. O general por trás da quartelada, Juan José Zúñiga, havia sido removido do posto por Arce um dia antes de cercar o palácio presidencial com tanques por se manifestar contra um eventual retorno de Evo à Presidência e ameaçar o ex-presidente.
Quando a situação foi distensionada e o general, preso, Zúñiga afirmou ter agido a mando de Arce o presidente nega. Evo disse na época estar convencido que a ação do general foi uma tentativa de autogolpe por parte de Arce para evitar seu retorno ao poder.
O presidente disse na segunda que os bloqueios e as marchas fazem parte de uma estratégia para realizar um golpe de Estado. Em resposta, Evo chamou Arce de "desesperado e confuso" e disse que os protestos refletem o descontentamento do povo com o governo.
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