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Harvard chega a acordo para proteção de alunos judeus contra antissemitismo

Por Folha de São Paulo

21/01/2025 17h00 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Universidade Harvard se comprometeu a garantir proteção aos estudantes judeus em um acordo anunciado nesta terça-feira (21) para encerrar dois processos judiciais que acusam a instituição de se tornar um "foco de antissemitismo desenfreado".

Em comunicado, Harvard disse que adotará a definição de antissemitismo proposta pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês) ao avaliar se determinada conduta desrespeita suas políticas antibullying e de não discriminação.

De acordo com a IHRA, antissemitismo é "uma certa percepção sobre judeus que pode ser expressada como ódio". "Manifestações retóricas e físicas de antissemitismo são direcionadas contra pessoas judias e não judias, sua propriedade privada, e contra instituições comunitárias e religiosas judias", diz a organização.

A definição é alvo de questionamentos, contudo. A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), tradicional organização de defesa dos direitos civis nos EUA, afirma que ela é controversa por seu caráter generalizante e por representar uma possível ameaça à liberdade de expressão ao equiparar, de maneira incorreta, críticas a Israel com antissemitismo.

Além de aumentar os esforços para garantir proteção aos estudantes judeus, a universidade se comprometeu também a apresentar relatórios anuais sobre o tema e fornecer treinamento para o combate ao antissemitismo a funcionários que analisam as denúncias de discriminação.

O acordo de Harvard deverá encerrar processos movidos pelas organizações Students Against Antisemitism (Estudantes contra o Antissemitismo), Jewish Americans for Fairness in Education (Americanos Judeus pela Justiça na Educação) e Brandeis Center for Human Rights Under Law (Centro Brandeis pelos Direitos Humanos sob a Lei), que acusam a universidade de não proteger alunos judeus.

As ações judiciais estavam entre as muitas que acusavam as principais universidades americanas de "incentivar o antissemitismo" após o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, com a tolerância a protestos pró-palestinos nos campi.

Marc Kasowitz, advogado da Students Against Antisemitism, disse que tem "grande confiança" de que Harvard está comprometida com a proteção de seus estudantes judeus, inclusive aqueles que são alvos de ataques por apoiarem Israel.

"Declarações sobre a destruição do Estado de Israel, o assassinato de israelenses e esse tipo de coisa são antissemitas", disse. "Isso nos dá a certeza de que essas medidas serão muito, muito protetoras dos interesses e direitos dos estudantes judeus no campus de Harvard."

HARVARD PROMETE UM CAMPUS ACOLHEDOR

Os estudantes judeus acusaram Harvard de aplicar seletivamente suas políticas antidiscriminatórias, inclusive tolerando que eles fossem chamados de assassinos e submetidos a protestos virais nos quais ativistas acusavam Israel de crimes de guerra.

Eles também acusaram Harvard de contratar professores que promoviam a "violência antijudaica" e divulgavam propaganda antissemita.

Os processos movidos pelas organizações ainda acusaram Harvard de violar a Lei de Direitos Civis, implementada nos EUA em 1964, que proíbe os beneficiários de fundos federais de permitir a discriminação com base em raça, religião e origem nacional.

"Estamos empenhados em garantir que nossa comunidade judaica seja acolhida, respeitada e possa prosperar em Harvard", disse um porta-voz da universidade. "Estamos firmes em nossos esforços para confrontar o antissemitismo e continuaremos a implementar medidas robustas para manter um ambiente acolhedor, aberto e seguro no campus, onde todos os alunos tenham um sentimento de pertencimento."

Ambos os acordos incluem termos monetários que não foram especificados. Harvard negou qualquer irregularidade.


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