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Governo Maduro ameaça tomar empresas que aderirem a greve

Por Agência O Globo

28/10/2016 7h27 — em
Mundo



CARACAS — O governo de Nicolás Maduro ameaçou empresas que aderirem à greve geral convocada pela oposição nesta sexta-feira. A paralisação, que deve começar às 6h locais (8h de Brasília) e acabar às 18h (20h), é parte da estratégia adotada pela oposição para forçar a saída de Maduro do poder, após a suspensão na semana passada do processo para a convocação do referendo revogatório contra o mandato do presidente. Número dois do chavismo, o deputado Diosdado Cabello alertou que empresas poderiam ser tomadas pelo governo.

— Empresa que pare, empresa que deve ser tomada pelo governo bolivariano — disse.

O governo prometeu rebater com intervenções militares nas empresas, caso interrompam atividades. Oficiais das Forças Armadas, cujo alto comando declarou nesta semana “lealdade incondicional” ao presidente, devem inspecionar 720 empresas para verificar suas atividades.

— Vamos ter uma mobilização para garantir ao povo acesso aos alimentos e medicamentos, que nenhum hospital permaneça parado. A única maneira de sair das dificuldades é trabalhando — afirmou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López.

Maduro destacou que responderá energicamente ao que chamou de sabotagem e golpe parlamentar — forma com a qual classifica a greve e o plano da maioria opositora na Assembleia Nacional de declará-lo em abandono de cargo, por considerar o presidente responsável pela crise política e econômica.

— Não vou aceitar nenhum tipo de conspiração. Empresa parada, empresa recuperada pelos trabalhadores e a revolução.

A Confederação de Indústrias da Venezuela recomendou às empresas que deem liberdade aos funcionários para participar na greve, uma vez que o protesto é um direito constitucional. A Confederação do Trabalhadores da Venezuela (CTV) afirmou que atenderá a convocação porque a crise afeta em sua imensa maioria a força de trabalho.

De acordo com o instituto Venebarómetro, Maduro enfrenta uma impopularidade de 76,4%, ao mesmo tempo que 67,8% dos venezuelanos se declaram favoráveis à revogação de seu mandato, que vai até janeiro de 2019.

A nova estratégia da MUD inclui uma passeata em 3 de novembro até o palácio presidencial de Miraflores, no centro de Caracas.

A passeata até Miraflores e a greve repetem, para o governo, o roteiro de 11 de abril de 2002, quando uma mobilização até a residência oficial resultou em um golpe de Estado que afastou Hugo Chávez do poder durante três dias.

Ao apoiar a convocação da MUD, o primeiro vice-presidente da organização empresarial Fedecámaras, Carlos Larrazábal, afirmou que está não é uma paralisação patronal, e sim uma greve cidadã.

— Esta é uma grande diferença em relação ao passado — disse Larrazábal, em referência ao fato de, um dia depois do golpe contra Chávez, o então líder da Fedecámaras, Pedro Carmona, chegou a assumir o cargo de presidente da Venezuela.

Na quinta-feira, Maduro anunciou o aumento de 40% do salário mínimo, o que eleva o pagamento a 90.911 bolívares (140 dólares). Apesar de ser o quarto aumento decretado por Maduro em 2016, os venezuelanos reclamam que os salários não cobrem quase nada, ante uma inflação que, segundo o FMI, deve chegar a 475% este ano, a maior do mundo.

Empresários e economistas acusam o modelo socialista de desmantelar a capacidade produtiva do país, muito afetada pela queda dos preços do petróleo e dependente das importações.


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