Farc pedem perdão a vítimas e familiares por massacres na Colômbia
BOGOTÁ — A poucos dias do plebiscito em que os colombianos decidirão se aprovam ou não o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha se dedicou a pedir perdão a vítimas do conflito armado mais longo da História da América Latina. Nesta sexta-feira, o líder rebelde Iván Márquez é esperado na cidade de Apartadó, onde 35 pessoas foram mortas pelos guerrilheiros em 23 de janeiro de 1994. No dia anterior, foi a vez de Márquez pedir perdão pelo massacre de Bojayá, em 2002.
Vestidos de branco, vítimas e familiares caminharão pela “Rua do Massacre” em Apartadó, que será rebatizada de “Rua da Esperança”, e farão uma cerimônia na casa onde ocorreu a matança. Além das 35 vítimas fatais, 17 pessoas ficaram feridas na ação da guerrilha. De acordo com a rádio colombiana Caracol, será anunciada a construção de um parque como símbolo da reconciliação entre as Farc e as vítimas.
Na quinta-feira, com a oferenda de uma imagem de um Cristo negro, o grupo pediu perdão pelo massacre de 79 pessoas em uma vila na selva do Noroeste da Colômbia, um dos episódios mais repudiados na História do conflito.
O massacre ocorreu em maio de 2002, quando rebeldes bombardearam com mísseis de fabricação artesanal a igreja do povoado de Bojayá, no departamento de Choco.
— Pedimos que nos perdoem e nos deem esperança para o alívio espiritual que nos permita continuar junto com vocês fazendo o caminho que, reconciliados, nos levem à era justa que tanto ansiavam os humildes em todos os lugares da Colômbia — disse o líder das Farc Ivan Márquez.
As Farc, que na segunda-feira assinaram um histórico acordo de paz com o presidente Juan Manuel Santos, combatiam nesta região contra esquadrões paramilitares de extrema-direita. O conflito de 52 anos deixou 220 mil mortos e milhões de deslocados
Como parte do acordo de paz, que deverá ser referendado pelos colombianos em um plebiscito no domingo, os sete mil guerrilheiros abandonaram as armas e poderão formar um partido político para defender seus ideias.
Durante a assinatura do acordo de paz, o líder máximo das Farc Rodrigo Londoño, conhecido como Timoshenko, pediu perdão a todas as vítimas do conflito.
Os guerrilheiros são responsáveis por assassinatos, massacres, sequestros, recrutamento de crianças, deslocamento e milhares de ataques contra as Forças Armadas e a infraestrutura econômica do país.
O chamado Cristo Negro de Bojayá, doado pelas Farc, mede 2,45 metros de altura e foi esculpido pelo artista cubano Enrique Angulo com madeira da região da selva do Noroeste colombiano.
ASSUNTOS: Mundo