Ex-premiê de Bangladesh é condenada à morte por repressão a protestos
Em um julgamento histórico que abalou os alicerces políticos de Bangladesh, a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, de 78 anos, foi condenada à morte por crimes contra a humanidade. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (17) por um tribunal especial em Daca, que considerou a ex-líder responsável direta pela repressão violenta aos protestos estudantis de 2024, que deixaram mais de 1.400 mortos e milhares de feridos.
A sentença, proferida após meses de investigações e audiências, também condenou à morte o ex-ministro do Interior, Asaduzzaman Khan. Um ex-chefe da polícia, que colaborou com as autoridades, recebeu pena de cinco anos de prisão.
Segundo a acusação, Hasina autorizou o uso de força letal contra manifestantes que exigiam reformas no sistema educacional e maior transparência nas eleições. As manifestações, que se espalharam por todo o país, foram duramente reprimidas com o uso de armas de fogo, gás lacrimogêneo e detenções em massa.
A ex-premiê foi julgada à revelia. Ela fugiu de helicóptero para a Índia em agosto de 2024, dias após o início das investigações. Em nota divulgada por seus advogados, Hasina classificou o julgamento como “um teatro político” e negou todas as acusações. “Essa sentença é uma tentativa clara de silenciar a oposição e reescrever a história”, afirmou a defesa.
A decisão gerou reações imediatas. Organizações internacionais de direitos humanos pediram cautela e questionaram a imparcialidade do processo. Já o governo interino de Bangladesh reforçou a segurança em pontos estratégicos da capital e afirmou que a sentença “representa um marco na luta contra a impunidade”.
A condenação ocorre a menos de três meses das eleições parlamentares, previstas para fevereiro de 2026, e deve impactar diretamente o cenário político do país. Analistas apontam que o caso pode acirrar ainda mais a polarização e provocar instabilidade institucional.
Sheikh Hasina governou Bangladesh por mais de 20 anos, sendo uma das figuras políticas mais influentes do sul da Ásia. Sua queda marca o fim de uma era — e o início de um novo capítulo, ainda incerto, na história do país.
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