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EUA na guerra é perigoso para todos, diz Irã

Por Folha de São Paulo

21/06/2025 9h45 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo do Irã disse neste sábado (21) que a eventual entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Teerã será "muito perigoso para todos". O presidente Donald Trump, após ameaçar até matar o líder da teocracia, Ali Khamenei, deu duas semanas como prazo para tomar a decisão.

O conflito, cuja etapa atual foi iniciada pelo ataque de Israel ao país persa na sexta retrasada (13), segue em escalada. O Estado judeu anunciou ter matado o chefe militar responsável pelo contato entre Teerã e o Hamas palestino, grupo terrorista cujo ataque de 7 de outubro de 2023 desencadeou as guerras que estão mudando a face do Oriente Médio.

A admoestação iraniana foi feita pelo chanceler Abbas Araghchi numa escala em Istambul, vindo de Genebra, onde participara na véspera de uma primeira rodada de conversas com países europeus para tentar reativar as negociações nucleares com Trump.

O impasse em torno delas foi uma das justificativas de Binyamin Netanyahu para lançar seu inédito ataque total pelo ar. Israel diz que o rival, sob pressão, poderia fazer rapidamente 15 bombas atômicas, número que é contestado por especialistas.

Araghchi disse que a retomada das negociações depende de Israel parar com seu bombardeio. "Seria muito desafortunado e muito perigoso para todos" se os EUA resolverem intervir militarmente em favor do aliado. Há um consenso de que o programa nuclear iraniano só pode ser totalmente destruído, com suas instalações subterrâneas secretas, com o emprego de bombas que só Trump tem.

Mais tarde, o presidente francês, Emmanuel Macron, ligou para seu colega em Teerã, Masoud Pezeshkian. Segundo o governo em Paris, ele disse que faria de tudo para acelerar a negociações com a trinca de países europeus à mesa em Genebra, França, Alemanha e Reino Unido.

O movimento dá tempo a Trump, que enfrenta oposição doméstica à ideia de entrar na guerra, em particular na sua base ideológica, que sempre prezou sua crítica ao envolvimento dos EUA em conflitos distantes. Fiel a seu estilo, o presidente disse na sexta (20) que não acreditava no sucesso europeu.

Enquanto isso, a guerra aérea segue seu curso. Um bombardeio israelense mirou a Guarda Revolucionária, o coração ideológico das forças do Irã e ente político mais poderoso do país, matando ao menos cinco de seus integrantes. Um cientista nuclear também foi assassinado.

Segundo Israel, um dos chefes militares mortos era Saeed Izadi, comandante do Corpo Palestina da Força Quds, unidade da guarda responsável pela estratégia iraniana junto aos grupos palestinos de Gaza e Cisjordânia.

Nesse papel, ele é visto em Israel como um dos arquitetos dos planos que levaram ao 7 de Outubro. Se o incentivo iraniano a planos para destruir o Estado judeu eram públicos, os relatos disponíveis não permitem dizer se o Hamas agiu por conta própria ou por ordem de Teerã no massacre de 1.200 civis israelenses.

De todo modo, houve celebração em Tel Aviv. "Foi uma grande conquista para a inteligência israelense e a Força Aérea", disse o ministro da Defesa, Israel Katz. Ele disse que outro comandante, esse responsável por contatos com o Hezbollah libanês, também foi morto.

Há sempre muita bruma de guerra em torno dos anúncios de feitos de lado a lado. Israel e mesmo a mídia iraniana haviam dito que um dos braços direitos de Khamenei, Ali Shamkhani, havia morrido após a salva inicial contra Teerã. Neste sábado, uma mensagem atribuída a ele foi divulgada na TV estatal dizendo que ele sobreviveu "para continuar ser o motivo da hostilidade do inimigo".

Houve outros ataques na madrugada e ao longo do sábado, contra alvos de infraestrutura militar e nuclear na central de Isfahan. Segundo a agência da ONU de energia atômica, não houve vazamento radioativo registrado.

O Ministério da Saúde do Irã divulgou um balanço da guerra, dizendo que 430 pessoas morreram, sem diferenciar civis de militares. Uma ONG baseada nos EUA contava 639. Já em Israel há 24 mortos até aqui, 25 se contada uma senhora que infartou durante um ataque na sexta.

O Irã seguiu a rotina de lançar mísseis balísticos e drones, mas alterou sua tática. Em vez de focar em Tel Aviv, passou a espalhar os ataques por todo o país, visando dificultar as interceptações.

Tem dado certo pontualmente, com o primeiro drone atingindo diretamente um alvo neste sábado, sem deixar vítimas. Segundo Israel, foram lançados 40 desses aviões-robôs, e em média 99% deles são destruídos no ar.

Um problema para Teerã é que o estoque de mísseis balísticos, ameaça mais grave, é limitado, assim é provável que sejam vistos mais drones em ação a partir de agora.


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