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Embaixador da Venezuela ironiza Nobel de María Corina, e alto escalão do regime silencia

Por Folha de São Paulo

11/10/2025 9h45 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Passado um dia da notícia de que a líder opositora da ditadura de Nicolás Maduro, María Corina Machado, ganhou o Prêmio Nobel da Paz, apenas duas autoridades da Venezuela comentaram a láurea —uma delas indiretamente, outra, com ironia. Nenhuma pertencente ao alto escalão do regime.

O primeiro foi o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, que foi questionado sobre a reação do regime ao prêmio durante entrevista coletiva na sede da organização, em Nova York, nesta sexta-feira (10).

"Eu não sei a reação do meu governo, mas eu posso falar a minha. Eu esperava que ela ganhasse o Nobel de Física, porque ela tem as mesmas credenciais para o Nobel de Física e para o Nobel da Paz. Talvez, no próximo ano, ela ganhe o Nobel de Física", afirmou, em tom irônico.

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, aliado de primeira hora de Maduro, também se manifestou, mas de forma indireta.

"Somos militantes do partido da paz", afirmou, de forma genérica, em uma transmissão da emissora estatal venezuelana, a TVT. "Militantes do partido da paz é cada venezuelano e cada venezuelana de bem. Somos militantes do partido de qualquer forma que impeça a ação da violência ou o uso da violência para resolver assuntos políticos."

Em seguida, afirmou que era preciso cuidar da paz e da harmonia. "Temos que cuidar delas. Cuidar da paz é cuidar da nossa soberania. Cuidar da paz é cuidar do nosso solo sagrado, dos nossos filhos, dos nossos pais, mas, sobretudo, cuidar da paz é cuidar de cada venezuelano e cada venezuelana, de cada lar", afirmou.

Rodríguez fez as declarações cercado de pessoas, muitas delas crianças, vestindo acessórios natalinos —isso porque já é Natal na Venezuela. No início de setembro, em meio a uma tensão militar com os Estados Unidos, Maduro decretou que as celebrações começariam no dia 1º de outubro.

Não é a primeira vez que o ditador antecipa a data comemorativa diante de uma crise. No ano passado, após se autodeclarar vitorioso das eleições presidenciais sem apresentar as provas exigidas pela lei venezuelana, Maduro antecipou as celebrações para o dia 4 de outubro em meio a uma onda de protestos.

Já em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, o ditador decretou o início das celebrações natalinas para 15 de outubro. A diferença, na prática, é que as ruas do país ganham decorações festivas e o regime intensifica a distribuição de auxílio e cestas de alimentos nos bairros, típicas da época de fim de ano.


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