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Em meio à pandemia, eleitores enfrentam filas nas primárias de Wisconsin

Por Folha de São Paulo

08/04/2020 7h08 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Vivendo sob medidas de distanciamento social para combater a disseminação do novo coronavírus, eleitores do estado americano de Wisconsin precisaram escolher se respeitariam as normas ou se sairiam para votar nas primárias desta terça (7).

Localizado no chamado Cinturão da Ferrugem, região decisiva para a vitória de Donald Trump em 2016, o estado é considerado chave para a disputa presidencial americana deste ano e foi o primeiro a realizar as prévias com voto presencial desde que as medidas de distanciamento social foram impostas nos EUA.

Os resultados, no entanto, devem ser divulgados apenas a partir da próxima segunda (13).

Em Milwaukee, capital de Wisconsin, foram registradas longas filas nos apenas cinco locais que foram disponibilizados na cidade para votação. Em outras regiões do estado, ainda não atingidos pelo surto, autoridades relataram filas mais curtas e comércio aberto normalmente.

Dos cerca de 386 mil casos e mais de 12 mil mortes registrados por decorrência do coronavírus nos EUA, Wisconsin tem 2.500 infectados e 94 mortes.

O avanço vigoroso do coronavírus desde o meio de março fez com que pelo menos 14 estados americanos postergassem suas primárias, mas, em Wisconsin, a briga se tornou um novo capítulo do cabo de guerra entre democratas e republicanos.

Além das primárias do partido de oposição a Trump, as eleições desta terça também colocavam em jogo uma cadeira da Suprema Corte do estado. Das sete vagas, cinco são ocupadas por conservadores e, com apoio do presidente americano, mais um, Daniel Kelly, tenta se juntar à maioria do tribunal.

O governador democrata Tony Evers chegou a assinar uma ordem executiva para tentar adiar a votação desta terça, barrada justamente na Suprema Corte estadual.

Segundo o jornal The New York Times, muitos eleitores afirmam que tiveram problemas com a opção de cédulas de voto à distância. Dizem que elas não chegaram ou que eles não tiveram como sair de suas casas para entregá-las no prazo, na noite desta terça.

Analistas avaliam que esses tipos de ocorrência podem abrir brechas para contestações sobre a legitimidade da eleição de quem perder a disputa, por exemplo.

Políticos republicanos, como o presidente da Assembleia Estadual, Robin Vos, passaram o dia tentando mostrar que era seguro ir até os locais de votação. Ele, porém, estava usando máscara, luvas e uma espécie de roupa cirúrgica quando apareceu a caminho das urnas -os materiais estão em falta em mercados e em hospitais em diversos estados do país.

Em entrevista coletiva na Casa Branca, Trump, que já minimizou a crise, mas tem defendido medidas de distanciamento social, foi questionado sobre a votação em Wisconsin e disse que seu conselho era para que as pessoas fossem votar. Mais cedo, ele havia pedido apoio ao conservador Daniel Kelly à vaga na Suprema Corte estadual.

Em 2016, Trump ganhou de Hillary Clinton no estado por uma diferença de 22,7 mil votos -47,2% contra 46,5% da democrata.

Wisconsin tem dez delegados no Colégio Eleitoral, o sistema de voto indireto que escolhe o presidente dos EUA. Nas primárias democratas, estão em jogo no estado 84 delegados com direito a voto na convenção nacional do partido, que foi adiada de julho para agosto e deve escolher o candidato da sigla a presidente.

A pandemia -e os adiamentos de primárias em vários estados- levantou especulações sobre a possibilidade de adiar a eleição geral nos EUA, marcada para 3 de novembro.

Especialistas, no entanto, afirmam que a alteração da data é improvável e que o presidente, ainda que quisesse, não tem o poder de fazer qualquer modificação no calendário eleitoral por ordem executiva.

Isso porque a data da eleição geral nos EUA é definida por Lei Federal desde 1845. Para alterá-la, seria preciso um processo complexo, com acordo bipartidário -entre democratas e republicanos- no Congresso, o aval do presidente e, por fim, a decisão ainda estaria sujeita a contestações na Justiça.

Cientes da dificuldade de rearranjar o calendário como um todo, os estados têm discutido criar meios para realização de votação não presencial.

No entanto, as leis estaduais ainda são obstáculos para isso --12 dos 50 estados americanos não permitem o voto pelo correio, por exemplo.

Todos os estados declararam emergência em razão do coronavírus, o que permitiria alterações de horário e locais de votação.

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