O fato de um candidato derrotado se recusar a aceitar o resultado de uma eleição presidencial não será algo novo nos Estados Unidos. Em 2000, no dia da votação, as TVs anunciaram que, no estado da Flórida — decisivo para a apertada eleição — o vencedor seria o democrata Al Gore. O comunicado foi feito logo que se haviam encerrado as votações no lado Leste do estado — enquanto no lado Oeste, que tinha uma população de maioria republicana e um outro fuso horário, elas não haviam terminado. Logo que o pleito acabou por lá, as TVs tiveram que divulgar um resultado diferente: o republicano George W. Bush era, na verdade, o vencedor na Flórida.

Àquela altura, quem ganhasse no estado seria o novo presidente dos Estados Unidos. Al Gore chegou a ligar para Bush, dando os parabéns pela vitória, mas ao descobrir que a margem de votos que os separava era tão estreita (1.784), ligou de novo para avisar que era melhor esperar a recontagem das urnas para admitir a derrota.

Com o resultado da eleição em suspenso, cada um dos lados deu entrada em ações judiciais — Bush para incluir as cédulas dos militares que foram rejeitadas por terem sido preenchidas de forma incorreta, e Gore para continuar recontagens manuais. Esgotados os recursos legais, Bush acabou levando a eleição no estado (e a Presidência) por uma margem de meros 537 votos. E só restou a Gore reconhecer a derrota.