Em 1ª viagem à Ásia, Biden reforça vínculos com aliados em oposição à China
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Joe Biden desembarcou nesta sexta-feira (20) na Coreia do Sul em sua primeira viagem à Ásia como presidente dos Estados Unidos, na qual pretende reforçar os vínculos na área de segurança com os aliados regionais, em oposição à China, e em um contexto de preocupação com um possível teste nuclear da Coreia do Norte.
Em uma de suas primeiras declarações após a chegada, o americano disse que o futuro será escrito no Indo-Pacífico e que agora é a hora de os Estados Unidos e de parceiros com ideias semelhantes investirem uns nos outros.
Depois de aterrissar na base aérea de Osan, Biden seguiu para a maior fábrica de semicondutores do mundo, pertencente à Samsung, empresa sul-coreana que tem quase 20 mil funcionários nos Estados Unidos. Na indústria, que fica em Pyeongtaek, ele foi recebido por Yoon Suk-yeol, novo presidente da Coreia do Sul, que tem uma postura pró-EUA.
Chips usados em celulares, 5G, computação de alto desempenho e inteligência artificial tornaram-se um ponto crucial da competição de Washington com a China e das preocupações com interrupções na cadeia de suprimentos global causadas pela pandemia.
Em comentários durante a visita à fábrica, Biden disse que as ondas de choque econômicas da Guerra da Ucrânia reforçaram a necessidade de garantir cadeias de suprimentos críticas, para que a economia e a segurança nacional dos EUA não dependam de países "que não compartilham nossos valores".
Para alcançar essa autonomia, Biden disse que Washington vai trabalhar "com parceiros próximos" que compartilhem seus valores --e citou a Coreia do Sul.
Yoon, por sua vez, instou Biden a fornecer incentivos para empresas sul-coreanas investirem nos EUA e vice-versa. "Com a visita de hoje, espero que as relações Coreia-EUA renasçam como uma aliança econômica e de segurança baseada na cooperação de alta tecnologia e cadeia de suprimentos", disse o sul-coreano, lembrando que seu país fabrica quase 70% dos chips utilizados no mundo.
China Combater a presença da China na região é um tema-chave de Biden na viagem, mas o governo sul-coreano provavelmente adotará um tom cauteloso em público sobre o assunto, já que Pequim é o principal parceiro comercial de Seul.
A Coreia do Sul deverá estar entre os membros inaugurais do Quadro Econômico Indo-Pacífico de Biden (IPEF), que será anunciado durante a viagem para estabelecer padrões sobre trabalho, meio ambiente e cadeias de suprimentos.
Questionado sobre a oposição de Pequim ao IPEF, Yoon disse a repórteres nesta sexta-feira que a adesão à estrutura não precisa entrar em conflito com os laços econômicos da Coreia do Sul com a China. "Não há necessidade de ver isso como uma soma zero", disse.
Os Estados Unidos querem "afirmar a imagem do que poderia ser o mundo se as democracias e as sociedades abertas se unissem para ditar as regras do jogo" ao redor da "liderança" americana, declarou o conselheiro para a Segurança Nacional americana, Jake Sullivan.
"Acreditamos que a mensagem será ouvida em Pequim. Mas não é uma mensagem negativa e não está direcionada contra nenhum país", disse.
China e Taiwan, no entanto, estão nas mentes de todos.
No início deste mês, o diretor da CIA, William Burns, disse que Pequim estava observando "com atenção" a invasão russa da Ucrânia para aprender as lições dos "custos e consequências" de uma tomada de controle de Taiwan pela força.
Além das conversas com os governantes da Coreia do Sul e do Japão, Biden participará em Tóquio em uma reunião de cúpula do grupo Quad, que inclui a Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.
Coreia do Norte Nesta primeira etapa da visita à Ásia, Biden visitará tropas americanas e sul-coreanas, mas não fará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.
O governo americano declarou várias vezes, em vão, que estava disposto a dialogar com a Coreia do Norte, apesar de o país ter realizado vários testes de mísseis desde o início do ano.
Seul e Washington esperam que Pyongyang retome os testes nucleares de maneira iminente, depois de executar seis exercícios entre 2006 e 2017.
O governo dos Estados Unidos considera que há uma "real possibilidade" de que a Coreia do Norte anuncie "um novo lançamento de míssil ou um teste nuclear" durante a viagem, informou Sullivan a jornalistas, a bordo do avião Air Force One.
.De acordo com o serviço de inteligência americano, existe uma "possibilidade real" de que a Coreia do Norte tente organizar uma "provocação" após a chegada de Biden a Seul.
Isto poderia significar "novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um teste nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região", afirmou Sullivan.
Ele negou que um evento do tipo seria visto como um revés diplomático para o presidente. "Isto ressaltaria uma das principais mensagens que enviamos durante a viagem, a de que os Estados Unidos estão presentes para seus aliados e sócios", afirmou.
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