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Eleições dos EUA: como funciona o método das 13 perguntas do 'Nostradamus' que prevê vencedor

Por Estadão Conteúdo (Agência Estado)

17/09/2024 17h33 — em
Mundo



O historiador Allan Lichtman, apelidado nos Estados Unidos de "Nostradamus de previsões de eleições presidenciais", já tem a sua conclusão sobre quem vencerá as eleições americanas no dia 5 de novembro. Com o histórico quase perfeito em 40 anos, Lichtman chegou a resposta a partir do método desenvolvido por ele e pelo geofísico Vladimir Keilis-Borok em 1981.

O modelo ignora os métodos das pesquisas e dos pesquisadores e se baseia em 13 perguntas do tipo verdadeiro ou falso, criadas por Lichtman e Keilis-Borok a partir do histórico de 120 anos de eleições presidenciais nos EUA.

Segundo Lichtman, que atua na American University e foi um dos poucos a prever com precisão a vitória de Trump em 2016, as perguntas contêm as "chaves" para a Casa Branca. Cada pergunta é respondida isoladamente e conta a favor do partido governista caso seja verdadeira e a favor do opositor caso seja falsa. O vencedor é aquele que conseguir mais pontos no fim. Confira abaixo quais são:

1. O partido governante venceu as eleições de meio de mandato

Se o partido governante venceu as eleições de meio de mandato, a resposta é "verdadeira" e, nesta eleição, contaria a favor dos democratas. Mas o partido de Joe Biden perdeu as eleições de meio de mandato realizadas em 2022, apesar do desempenho acima do esperado. Como a premissa é falsa, Donald Trump tem vantagem nesta pergunta.

2. O atual presidente concorre a reeleição

Se o atual presidente concorre a reeleição, a resposta é "verdadeira". Essa chave mudou com a desistência de Joe Biden e entrada de Kamala Harris na disputa presidencial. Portanto, Lichtman a considera ponto para Trump.

Questionado se a pergunta é válida ante tantos questionamentos sobre o desempenho de Biden no debate e as críticas sobre sua idade, o historiador defendeu que sim. Não significaria, no entanto, que Biden venceria eleições. "Apenas teria como favor essa pergunta", disse.

3. O partido da Casa Branca evitou uma disputa nas primárias

Com a união dos Democratas em torno do nome de Kamala Harris após a saída de Biden, a premissa é verdadeira. Ou seja, vale como ponto para o partido.

4. Não há um terceiro partido na disputa

Com a desistência de John F. Kennedy Jr. de concorrer a presidência, nenhum outro partido obteve relevância além do Partido Republicano e do Partido Democrata nesta eleição. Por aparecerem com menos de 10% nas pesquisas de intenção de voto, os outros partidos na disputa são irrelevantes, segundo Lichtman.

Ou seja, com a premissa verdadeira, o ponto vale para Kamala Harris.

5. A economia de curto prazo está forte

O desemprego está baixo nos EUA e a economia não está em recessão. A inflação está perto da meta de 2%. A premissa, portanto, é verdadeira e conta a favor de Kamala Harris.

6. O crescimento econômico de longo prazo está forte

Assim como a resposta anterior, o governo de Joe Biden manteve índices econômicos positivos durante os últimos quatro anos. Segundo Lichtman, o importante é que sejam dados comparáveis as duas últimas gestões anteriores.

Comparando com a gestão de Donald Trump, os números médios do crescimento econômico dos EUA na gestão Biden são semelhantes. No governo Trump, a taxa média de crescimento anual entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021 foi de 2,3%. No governo Biden, até o momento, a média é de 2,2%, praticamente o mesmo.

Ou seja, a premissa é verdadeira. Ponto a favor de Kamala.

7. A Casa Branca fez grandes mudanças na política nacional

Biden implementou grandes mudanças na política americana durante o seu mandato, como o retorno aos Acordos de Paris sobre mudanças climáticas e a promoção de lei de chips semicondutores, a lei da redução da inflação e a lei de mudanças climáticas. Mais uma vez, a premissa é verdadeira.

8. Não há agitação social permanente durante o governo

Segundo Lichtman, a "agitação social permanente" são protestos que acompanham todo o ciclo de um governante. Biden sofreu este ano com os protestos massivos contra o apoio a Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, mas o historiador não os considera permanente. Ou seja, a premissa, para ele, é verdadeira. E conta mais um ponto a favor de Kamala.

9. A Casa Branca não está contaminada por escândalos de corrupção

Apesar de escândalos envolvendo o filho Hunter Biden, Lichtman afirma que a premissa é verdadeira para o governo Biden. O democrata não foi envolvido diretamente em nenhum escândalo de corrupção e teve críticas restritas a outras questões, como a sua idade e a sua condução no apoio a Israel na Faixa de Gaza. Ponto para Kamala Harris.

10. O candidato governista atual é carismático

A pergunta é uma das duas únicas a se referir diretamente aos candidatos das eleições presidenciais. Segundo Lichtman, para considerar o candidato carismático, é necessário que ele "seja uma pessoa única numa geração e candidato inspirador de forma ampla". Ele não considera Kamala Harris dentro desse quesito. Portanto, a premissa é falsa e o ponto vai para Donald Trump.

11. O candidato adversário atual não é carismático

Com a mesma definição anterior de carisma, Lichtman afirma que a premissa é falsa. Trump, diz o historiador, é visto como reverência por parte da sociedade americana, mas por uma base estreita, não de maneira ampla. A premissa, portanto, é verdadeira. Ponto para Kamala Harris.

12. O governo não tem fracassos na política externa

A crise no Oriente Médio com a guerra na Faixa de Gaza e a saída desastrosa dos militares americanos no Afeganistão são dois fracassos da gestão de Joe Biden na política externa. A premissa é falsa, e o ponto vai para Donald Trump.

13. O governo tem sucessos na política externa

O fortalecimento da Otan e a guerra econômica travada contra a China são vistas como pontos bem-sucedidos da política externa americana nos EUA. A premissa é verdadeira. O ponto é de Kamala Harris.

Com as perguntas respondidas, Kamala Harris tem 9 das 13 respostas a seu favor. E para Allan Lichtman isso é suficiente para ele poder falar que ela será a nova presidente dos Estados Unidos.


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