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Donetsk vira alvo de Rússia e Ucrânia após Moscou conquistar província vizinha de Lugansk

Por Folha de São Paulo

04/07/2022 12h33 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As cidades ucranianas de Sloviansk e Bakhmut, na província de Donetsk -uma das que compõem o Donbass, no leste do país-, já começam a registrar a intensificação dos ataques da Rússia, disse nesta segunda (4) o governador Serhii Haidai.

O cenário já era esperado pela Ucrânia após Moscou obter o controle da província vizinha de Lugansk no final de semana, repelindo tropas de Kiev.

"O objetivo número um russo é a região de Donetsk", afirmou Haidai. O Ministério da Defesa do Reino Unido, que monitora o conflito, também disse em seu relatório diário que o foco russo agora é a captura de Donetsk.

Lideranças da autoproclamada república separatista de Donetsk, pró-Rússia, afirmaram que, nas últimas 24 horas, forças de Kiev bombardearam 15 dos 240 assentamentos da região. Elas dizem que cinco pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas.

O Serhii Haidai também afirmou que nas cidades de Severodonetsk e Lisitchansk, tomadas pelos russos em Lugansk, ainda permanecem 8 mil e 10 mil civis, respectivamente. As informações não puderam ser confirmadas de forma independente.

O avanço russo foi comemorado do espaço. A Roscosmos, a agência espacial do país, divulgou nesta segunda fotos de cosmonautas na Estação Espacial Internacional segurando bandeiras de Donetsk e de Lugansk.

"Todo o território da República Popular de Lugansk foi libertado; este é um dia esperado para os moradores das áreas ocupadas há oito anos", diz o texto que acompanha as fotos no aplicativo de mensagens Telegram.

A mensagem foi divulgada horas após a Rússia reivindicar a tomada total da província de Lugansk.

"Cidadãos da aliada República Popular de Donetsk, esperem!", diz o final do texto compartilhado pela Roscosmos.

Em março, pouco após ter início a guerra, os mesmos cosmonautas -designação russa para astronautas- na Estação Espacial Internacional foram vistos com uniformes nas cores amarelo e azul, o que muitos interpretaram como uma mensagem de apoio a Kiev, já que essas são as cores da bandeira ucraniana.

Eles desconversaram sobre o assunto quando questionados se aquela era mesmo uma mensagem de apoio ao país vizinho, e Moscou também negou, por óbvio, a possibilidade.

"Plano Marshall" de reconstrução da Ucrânia A futura reconstrução da Ucrânia é o tema nesta segunda e terça (5) de uma conferência em Lugano, na Suíça, reunindo cerca de mil líderes políticos, representantes de instituições internacionais e empresários.

Em participação por videoconferência, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que

"a reconstrução da Ucrânia é a tarefa comum de todo o mundo democrático e a maior contribuição à paz mundial".

O custo da empreitada foi estimado em US$ 750 bilhões pelo primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal. Ele insistiu que os ativos russos bloqueados pelas sanções devem financiar a reconstrução.

O objetivo do encontro no sul da Suíça é elaborar uma espécie de "plano Marshall" de reconstrução, em referência ao programa econômico dos Estados Unidos de auxílio à Europa após a Segunda Guerra Mundial.

A expressão, utilizada pelo chanceler alemão Olaf Scholz e pelo presidente do Conselho Europeu Charles Michel em relação à Ucrânia, se tornou comum para fazer referência a um grande programa de ajuda externa para levantar uma região ou país devastado por um conflito, catástrofe ou crise.

A conferência havia sido agendada antes da invasão russa, e foi originalmente planejada para discutir reformas na Ucrânia, incluindo o combate à corrupção endêmica, mas o tema mudou diante da guerra.

De acordo com o presidente suíço, Ignazio Cassis, a reconstrução e a luta contra a corrupção não competem, mas se complementam. A reunião de Lugano deve levar a "um processo político eficaz", afirmou ele.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, foi na mesma direção. "A Ucrânia pode sair de tudo isso no caminho de um país mais forte e moderno, com um judiciário e instituições mais fortes, com sucessos no combate à corrupção, mas também com uma economia mais verde, mais digital e mais resiliente", disse.

A Ucrânia está classificada na posição 122 entre 180 países no relatório de 2021 da ONG Transparência Internacional. O número é melhor do que o de 2014 (142) e melhor do que a Rússia (136), mas ainda muito atrás de seus vizinhos na União Europeia --a Bulgária, com a classificação mais baixa do bloco, está em 78.

O primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, que assumiu a presidência da UE há seis meses, também participou da reunião, assim como seu colega polonês Mateusz Morawiecki, cujo país abriga o maior número de refugiados ucranianos.


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